quarta-feira, 20 de junho de 2012

Discossete

A Discossete, editora independente dirigida por Helena Cardinalli, existe há 12 anos e é uma das poucas empresas do ramo que, ao longo desta época de crise, tem apostado regularmente no lançamento de novos títulos de fado. É uma companhia onde, em contraste com as outras por nós contactadas, não se fala nem em nostalgia, nem em fundos de catálogo, mas no presente da música portuguesa.

No capítulo do fado de Lisboa, os seus nomes mais fortes são Maria Armanda, Vítor Duarte, Cidália Moreira, António Mourão, António Severino e dois familiares de Alfredo Marceneiro que lhe seguem as pegadas - o filho Alfredo Marceneiro Jr e o neto Vítor Duarte. Na especialidade do fado de Coimbra, a Discossete conta em catálogo com os doutores Raul Diniz, Serra Leitão e Camacho Vieira, além do Grupo de Serenata de Coimbra. Há, portanto, uma aposta forte no fado de Coimbra, mesmo se o fado de Lisboa vende mais. Os campeões de vendas desta companhia são António Mourão e Cidália Moreira.

Helena Cardinalli diz que escolhe os seus artistas pelo critério do talento, mas a fonte onde sobretudo vai beber é a da Grande Noite do Fado. Foi lá que descobriu Anabela, um dos seus mais recentes êxitos, e é de lá que vem Mário André, que ganhou a última edição daquele certame e vai agora gravar na Discossete. Além disso, ou dos lançamentos desses nomes, houve já uma primeira compilação com jovens artistas que se estrearam na Grande Noite e uma segunda está prevista para este ano.

PUBLICO, 31/03/1994

DISCOSSETE - ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO E EDIÇÃO MUSICAL, L.DA - Cessão de funções da gerente Maria Helena Cardinali da sociedade Silva Simões Serra, por renúncia em 22 de Dezembro de 1998.

Two more records followed the success of the first ones, this time sponsored by Materfonis, produced by Helena Cardinali, and Directed by Luis Duarte. Under the name of “Stella e Marcela” with two songs entitled “Na Discoteca” (The Disco), and “As Noticias” (The News), both written by Stella and Marcela. The last record was launched in Portugal was in 1983 by

“Discossete – Estudios de Gravação e Edição Musical, Ltd. Produced by Helena Cardinali and directed by Luis Duarte.

CDsete

Cdsete - Indústria de Gravação e Edição Fonográfica S.A
Praça Manuel Cerveira Pereira, 6-C
Lisboa
1900-313 LISBOA

NIF 503706175
CAE 59200
Início de Actividade - 1996

Actividade - Actividades de Informação e de Comunicação
Categoria - Actividades de Gravação de Som e Edição de Música

http://www.linkb2b.pt/empresas/cdsete-industria-gravacao-503706175.php

Cdsete - Indústria de Gravação e Edição Fonográfica S.A
Rua Prof. Mira Fernandes Lt 20, 6º - C
Lisboa
1900-383 Lisboa

http://codigopostal.ciberforma.pt/dir/empresa.asp?emp=28066

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Discos pedidos

DICIONÁRIO DA RÁDIO
«Viró» disco

Dicionário da Rádio

A programação para hoje é a seguinte: dentro de momentos, o habitual programa «Peça o que quiser», com os discos solicitados pelo correio.

13:00
23 de Outubro 00

Transcrição possível de uma emissão feita no Porto há mais de 40 anos

Estúdios da ORSEC/SERL na Rua Fernandes Tomás, no Porto, a transmitir em onda média através dos Emissores do Norte Reunidos.

São agora 13 horas e 2 minutos. Saudamos os nossos rádio ouvintes neste dia cinzento de 24 de Fevereiro de 1957.

Tal como acontece às 4.as feiras, a emissão da ORSEC vai até às 16 horas.

A programação para hoje é a seguinte: dentro de momentos, o habitual programa «Peça o que quiser», com os discos solicitados pelo correio.

Às 14 horas transmitiremos uma rubrica com «Música Ligeira Variada».

Pelas 14 horas e 45 minutos contamos apresentar a crítica semanal de cinema, com a assinatura do locutor Eugénio Alcoforado.

Na última hora de emissão, entre as 15 e as 15:55, poderão ouvir o programa especial «Vidas dos Grandes Compositores», elaborado em exclusivo para os estúdios da ORSEC/SERL.

E como por certo já se aperceberam, este tema «Wheels» é o nosso indicativo pessoal e da nossa rubrica preenchida com os discos solicitados.

De entre a volumosa correspondência recebida, começamos pelo ouvinte Fernando Alvedrinhas, de Arcozelo. Pede-nos um samba canção pelo popularíssimo cantor brasileiro Dick Farney, um trecho à nossa escolha.

Ele aqui está: «Copacabana». É um disco de 78 rotações...

A nossa prezada ouvinte Emília Augusta Guedes, de S.Mamede de Infesta, escreve-nos dizendo que ouve sempre os Emissores do Norte Reunidos e muito especialmente as emissões da ORSEC. Agradecidos pela atenção dispensada.

Fala-nos dos «singles» agora surgidos no mercado com as novidades do «pop rock» e pergunta se os estúdios da ORSEC andarão atentos e já possuem singles na discoteca. Claro que sim, estimada ouvinte Emília!

Aqui tem um deles, tal como todos os singles, em 45 rotações.

Trata-se do êxito ONLY YOU, pelo conjunto vocal The Platters.

É agora a vez de atendermos o pedido expresso na carta do nosso prezado ouvinte Jeremias Anunciação, da rua de Cedofeita, no Porto.

Diz-nos constar que algumas canções portuguesas até aqui disponíveis em 78 rotações vão sendo editadas em discos de 33 rotações e 1/3.

Tem toda a razão. A prova está neste long play, o primeiro da nossa Amália. Escolhemos especialmente para si uma das faixas, o fado/canção «Barco Negro», do filme «Amantes do Tejo». Esperamos que lhe agrade.

Perdão!...

Houve aqui um pequeno percalço no acerto da velocidade no gira-discos. Mas já está remediado. As nossas desculpas!

No final da nossa emissão, lamentamos o uso insistente do plural majestático. Estamos «desolado»...
Mas é assim que se fala na rádio, neste ano da graça de 1957.

A primeira pessoa do singular, na rádio, segue dentro de uns... 25 anos! Mais ou menos.

ajb@tsf.pt
http://tsf.sapo.pt/online/primeira/interior.asp?id_artigo=TSF17721

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Warner

(...) crise afectou profundamente a Warner, ao ponto de a empresa ter dispensado 50 por cento dos seus funcionários: de 14 para sete pessoas. Com uma quota de mercado de 8,52 por cento em 2003, a Warner caiu cerca de 40 por cento no trimestre que passou, disse o seu director-geral Daniel de Sousa. "A Warner esteve prestes a fechar em Portugal no final de 2003. Consegui convencer a casa-mãe de que com esta estrutura é rentável. Deram-me o benefício da dúvida. Houve uma reestruturação total. Deixámos de ser tão agressivos". Para recuperar nas vendas, "a Warner decidiu colocar os preços dos DVDs musicais ao nível dos CDs". A actual situação teve ainda um efeito directo: "Do nosso lado morreu, por agora, a aposta na música portuguesa."

JOSÉ J. MATEUS / Público, 02/05/2004

A Warner fez um acordo com a Farol.

Warner Home Video (Portugal) Unipessoal, Lda
Actividades de Gravação de Som e Edição de Música
Concelho: Oeiras
Início de Actividade: 1991

Warner Music Portugal Lda
Actividades de Gravação de Som e Edição de Música
Concelho: Oeiras
Início de Actividade: 1986

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Rádio Triunfo

A Grande Aventura da Gravação

Livro de 1977 elaborado a propósito da comemoração dos 100 anos de Gravação Sonora. Realizado por uma equipa de trabalho da Rádio Triunfo, Lda. sob a coordenação de J. A. T. Lourenço da Silva. Foi composto e impresso nas oficinas de Gráficos Reunidos, Lda. e editado pela RT em Julho de 1977.

Referido anteriormente num texto de José Manuel Osório


imagem retirada do blog Industrias Culturais - ler mais sobre a editora

terça-feira, 22 de maio de 2012

Copacabana

Meu nome é Clovis Candal. Sou brasileiro. Fui um cantor profissional por mais de 40 anos aqui no Brasil.

Em 1963, minha gravadora, a COPACABANA DISCOS cedeu para a COMPANHIA PORTUGUESA DE DISCOS da cidade do Porto alguns tapes de gravações minhas que foram lançados em discos de vinil aí em Portugal. Eu cheguei a ter em mãos um exemplar da música CONFISSÃO que estava gravada em um compacto e que conquistou o prêmio ELEFANTE D'OURO outorgado pela Rádio Triunfo de Porto, prêmio este que me foi entregue aqui no Brasil e que muito me honrou. Como eu extraviei este exemplar, estou recorrendo aos amigos para ver se posso conseguir outro.

Meu e-mail é: clovis.cantor@hotmail.com Desde já fico-lhes muito agradecido e desejo-lhes muitas felicidades. Abraços Clovis Candal

[retirado de comentário de Clovis Candal no blog Guedelhudos]


terça-feira, 10 de abril de 2012

Edisco



Entrámos na Edisco, na Maia, e desvendámos o interior de uma cassete. É a única fábrica da Península Ibérica que ainda as faz. Nos anos 80 e 90, saíam 15 mil por dia; hoje, nem sempre chegam às 300 por mês. Depende dos "rockeiros", diz Armando Cerqueira. Eles é que "movimentam o negócio".

Fundada em 1979, a Edisco, herdeira da Discos Rapsódia e da Casa Figueiredo, é hoje a editora mais antiga do país. Esteve no início de Nel Monteiro e até de Zeca Afonso.

Foi Armando quem convenceu os sócios a apostar na fabricação das cassetes, nos tempos em que a a cassete ainda era "o futuro". Aqui ainda é o presente, pelo menos por enquanto — há fita suficiente em "stock", mas a cassete propriamente dita começa a escassear.

Uma história abreviada de um processo complexo, quase em vias de extinção.

Amanda Ribeiro / Público, 21/03/2012

http://p3.publico.pt/cultura/mp3/2554/no-interior-da-cassete

Lê mais sobre a história da Edisco na edição impressa do PÚBLICO e sobre as cassetes no P3.

VIDEO

Video no youtube (No interior da cassete)

É o único sítio do mundo onde tratam da mesma forma “Let’s Talk About Love”, dos Modern Talking, e o Grupo Folclórico de S. Torcato. É a única fábrica de cassetes da Península Ibérica. Verdes, vermelhas, amarelas, pretas, transparentes e alinhadas, fita imaculada à espera das bandas, que agora aparecem com uma “pen” no bolso. Nos anos 80, a Edisco, na Maia, chegou a gravar e embalar 15 mil cassetes por dia. Agora são no máximo 300 por mês. “São os roqueiros”, como diz Armando Cerqueira, orgulhoso das suas máquinas onde um dia correu “Balada de Outono” e “Os Vampiros”, de Zeca Afonso.

Luis Octavio C
osta / Público (P3)

http://p3.publico.pt/cultura/mp3/2536/falemos-de-cassetes

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ovação


O editor discográfico e antigo realizador de rádio Carlos Lacerda, 73 anos, faleceu segunda-feira em Lisboa, informou hoje a editora Ovação, de que foi um dos fundadores.

"Faleceu ontem [26/3/2012] pelas 11:00 no Hospital de Santa Maria, vítima de uma síncope cardíaca", disse hoje à Lusa Fernando Matias, da Ovação.

"O Carlos Lacerda deixa uma lacuna no meio da edição discográfica de que era um grande conhecedor, tinha enorme experiência à qual aliava uma grande cultura", disse Fernando Matias com quem Carlos Lacerda fundou a Ovação em 1986.

O velório de Carlos Lacerda realiza-se hoje a partir das 16:00 na igreja das Furnas, em Lisboa, a Sete Rios, de onde sairá quarta-feira às 10:00 o funeral para o cemitério de Benfica.

Como realizador de rádio, Carlos Lacerda esteve ligado aos programas "Talismã" do ex-Rádio Clube Português e posteriormente integrou os quadros da Rádio Renascença "onde além de vários programas diários de notoriedade, fez o popularíssimo 'Onda'", recordou Fernando Matias.

O atual patrão da Ovação sublinhou "o grande defensor da música portuguesa que foi Carlos Lacerda, tendo estado ligado à criação da Associação de Editores Discográficos Independentes e ao programa televisivo 'Made in Portugal'".

Carlos Lacerda exerceu várias funções diretivas na extinta discográfica Rádio Triunfo e foi diretor de promoção da CBS Portugal.

DN / Lusa, 27 de Março de 2012


A editora Ovação iniciou a sua actividade há já 25 anos (1985). Fundada por Carlos Lacerda e Fernando Matias, anteriormente Directores de Internacional / Marketing e Promoção / A&R da Rádio Triunfo, a mais importante companhia discográfica da altura, representante de etiquetas como CBS e WEA. Fernando Matias integrou os quadros da CBS, actual Sony Music Portugal, como Director de Promoção.

Somos uma importante companhia nacional com uma filosofia internacional. O nosso catálogo de Música Portuguesa apresenta mais de 20.000 títulos, interpretados por Artistas muito conhecidos e apreciados, nas áreas de Fado, Guitarra Portuguesa e Pop / Rock bem como nos estilos de Música Africana, Tradicional e Infantil. Por outro lado, algumas prestigiosas companhias Internacionais confiam-nos a exploração dos seus catálogos em Portugal.

Os vários projectos de compilações na área da Dance e Latina têm sido uma constante - Super Caribe, Caribe & Dance, Euro Dance, Melodic Trance, Dance Tracks, La Bomba, Latino Mix, Noches de Ibiza, The House Movement, destacam-se pelo constante êxito obtido.

Um departamento de Marketing agressivo, uma distribuição aguerrida, que cobre todo o território nacional, apoiam o nosso departamento de importação que é regularmente "abastecido" com as mais importantes novidades vindas das maiores companhias independentes.

WE LOVE MUSIC- WE TRUST PEOPLE é um dos nossos slogans. Somos membros do IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) desde o ano de 1986.

Site Oficial / http://www.ovacao.pt

A Ovação, empresa fonográfica independente dirigida por Carlos Lacerda, tem nove anos de existência. Na altura da sua fundação, adquiriu o catálogo Estúdio, empresa que existia desde os anos 60, e na qual devem ter sido lançados 40 mil títulos portugueses.

Luis Maio / Público, 1994

anúncio revista Billboard de 20/11/1999 (imagem)

Ovação - Comércio e Indústria de Som, Lda
Avenida Marechal Gomes da Costa, 35
1800-255 LISBOA

NIF 501600000
CAE 59200
Início de Actividade: 1985

http://www.linkb2b.pt/empresas/ovacao-comercio-industria-501600000.php

domingo, 4 de março de 2012

Enciclopédia da música em Portugal no século XX


Enciclopédia da música em Portugal no século XX são quatro volumes dirigidos por Salwa Castelo-Branco, com coordenação executiva de António Tilly e coordenação adjunta de Rui Cidra, publicados pela editora Temas e Debates/Círculo de Leitores. A meu ver, trata-se de uma obra de inegável importância e que os leitores há muito ansiavam.

Fico-me pela leitura da entrada "Indústria Fonográfica", dividida em enquadramento geral, recepção do fonógrafo e actividade das primeiras empresas discográficas em Portugal (1879-1925), formalização do mercado de fonogramas (1926-1934), papel da gravação na construção da "vedeta" e na afirmação de repertórios entre as décadas de 30 e 60, criação de infra-estruturas de gravação e produção de suportes, autonomização da produção e emancipação do sector fonográfico nos anos 70: novos artistas e novo reportório, estabelecimento de empresas multinacionais em Portugal e pluralidade de domínios musicais (1979-1990), intensificação do investimento multinacional e crescimento do meio musical português (1990-2000).

Sobre a última década do século, a entrada, assinada por Leonor Losa, indica a intensificação das majors acompanhada pela criação de pequenas estruturas editoriais independentes ou de música alternativa, estimuladas pela descentralização das tecnologias de produção musical e pela pluralidade de gostos dos consumidores de música no país e o alargamento de espectáculos por intérpretes nacionais e internacionais (p. 642).

Rogério Santos / Indústrias Culturais, 26/11/2010

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

industriafonografica@institutoetnomusicologia


O projecto compreende um estudo sistemático da história da indústria fonográfica no século XX em Portugal e o seu impacte na produção e disseminação da música, e no próprio produto musical. A investigação foi levada a cabo numa perspectiva multidisciplinar, conjugando abordagens teórico-metodológicas da Etnomusicologia, Estudos da Música Popular, História, Estudos Culturais, Antropologia e Musicologia Histórica.

Considerando os desenvolvimentos culturais, económicos e políticos no Portugal contemporâneo, bem como a história internacional da Indústria Fonográfica, este projecto teve como focos de análise: a trajectória das editoras mais importantes; o fonograma como um produto, e o equipamento associado à sua (re)produção enquadrado no processo de electrificação do país e no mercado de equipamento eléctrico; a procura de fonogramas integrada no consumo de bens culturais e no aumento de poder de compra da população; as tecnologias utilizadas e o seu impacte nos processos composicionais, nas práticas performativas, na sonoridade musical e nos comportamentos das audiências; a articulação entre indústria fonográfica, teatro de revista, música escrita e outros meios de comunicação de massas como a rádio, cinema e televisão; o enquadramento legal da produção e comercialização de fonogramas; o impacte da indústria fonográfica em domínios musicais como música popular, fado, pop-rock, folclore e música erudita; o papel da gravação na disseminação de novos domínios musicais em Portugal como o jazz e o pop-rock; a articulação da produção discográfica entre Portugal e as ex-colónias; o impacte dos fonogramas produzidos em Portugal em algumas comunidades emigrantes, e de que forma estas comunidades definiram segmentos de produção no País; o papel da publicidade e do design gráfico na promoção de fonogramas.

Foi desenvolvida uma base de dados multimédia, como repositório de informação e instrumento de pesquisa, que inclui uma discografia exaustiva das gravações comerciais de música e músicos Portugueses, bem como de músicos imigrantes; um inventário das companhias discográficas que operaram em Portugal; entradas relativas a intérpretes, técnicos de gravação, produtores discográficos, associações fonográficas, bem como outros agentes centrais na gravação e comercialização de fonogramas.

O projecto dará um importante contributo no conhecimento do património sonoro português e de uma das indústrias culturais centrais, o que se revelará útil para a comunidade académica portuguesa e estrangeira, para agentes culturais, para as editoras discográficas, para coleccionadores de discos, bem como para o público em geral. Prevemos ainda organizar um colóquio internacional onde os resultados da investigação serão discutidos e confrontados com outras investigações realizadas no domínio.

endereço: http://www.wix.com/institutoetnomusicol/industriafonografica

A página está em construção mas já tem alguns dados na entrada instituições e entradas completas sobre a Sassetti e Custódio Cardoso Pereira.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Tese de mestrado de Leonor Losa


A tese de mestrado de Leonor Losa ("Nós humanizámos a indústria". Reconfiguração da produção fonográfica e musical em Portugal na década de 60) foi defendida em 2009 na Universidade Nova de Lisboa. Trabalho de grande qualidade, fiquei a conhecer bastante melhor a atividade fonográfica do país naquele período quando o li agora.

Logo à entrada, a autora diz que a sua tese tinha por objetivo a reconfiguração da produção discográfica, em especial a do editor Arnaldo Trindade, a quem dedica os dois últimos capítulos.

O texto tem introdução, cinco capítulos e conclusões. Os nomes dos capítulos são:

2) "Musicas" e "machinas falantes": mercado de partituras e fonogramas em Portugal desde meados do século XIX até à década de 30,

3) A emergência da rádio: sobreposição de reportórios dos anos 30 ao início dos anos 60 do século XX (criação da Emissora Nacional, surgimento de "fábricas de discos" e novos reportórios, centralidade da rádio),

4) Panorama editorial em Portugal nos anos 60 (protagonismo da Valentim de Carvalho, Fábrica de Discos Rádio Triunfo: nacionalização da produção fonográfica, Sassetti: edição de novos reportórios, atividade editorial no país nos anos 60),

5) Arnaldo Trindade: percurso biográfico e constituição da editora,

6) "Nós humanizámos a indústria". Reconfiguração da produção fonográfica em Portugal na década de 60 (postura editorial de Arnaldo Trindade e relação com os músicos, produção de "música de tema": tentativas de designação genérica dos produtos musicais).

No quarto capítulo, a autora aborda a autonomização da produção fonográfica em Portugal e o protagonismo dos espetáculos (p. 57), bem como o papel da imprensa especializada, de que releva o Mundo da Canção. A criação de uma fábrica de discos da Valentim de Carvalho ocorreu no começo da década de 1960, já depois do falecimento do fundador da empresa. Um dos sobrinhos, Rui Valentim de Carvalho, contra a vontade da empresa, abriu a fábrica do Campo Pequeno, onde se realizaria a prensagem de EP de gravações originais e cópias de gravações de editoras e etiquetas estrangeiras (p. 64). Na mesma década, seria construído o estúdio de Paço d'Arcos. A centralidade de reportório no fado (caso da fadista Amália Rodrigues) e a qualidade de gravações feitas pelo técnico de som Hugo Ribeiro garantiram a supremacia da editora. A Valentim de Carvalho apostou também em estilos de música importada caso das tipologias rock'n'roll e ié-ié (pop de origem francesa). Já a Fábrica de Discos Rádio Triunfo, fundada em 1946 no Porto, começara como loja de rádios e aparelhos de transmissão (p. 65), dando início em 1948 à produção de fonogramas. A Rádio Triunfo seria também editora, tendo um catálogo forte em música de ranchos folclóricos e intérpretes que desenvolviam as suas carreiras na rádio (Tony de Matos, Maria de Lurdes Resende, Maria Clara, Gabriel Cardoso), com uma relação de proximidade com a Emissora Nacional, cujo estúdio em Vila Nova de Gaia era usado habitualmente para gravações de discos.

A Sasseti, fundada em 1848, seria comprada por António Marques de Almeida e dois outros sócios que tinham fundado a cooperativa Guilda da Música em 1967 (p. 70). Pouco tempo depois associada à organização Zip-Zip, a Sassetti teve uma forte incidência nas gravações de música erudita (Antologia da Música Europeia) e de música popular portuguesa (Sérgio Godinho, José Mário Branco, Luís Cília e José Afonso). Finalmente, a Arnaldo Trindade, cujo proprietário estivera com frequência nos Estados Unidos, distribuiu discos de cantores em voga franceses (Johnny Halliday, Françoise Hardi, Serge Gainsbourg) e ingleses (Sandie Shaw), mas também as etiquetas Island (soul music, rythm'n'blues) e Tamla Motown (reggae) (p. 76). Numa das visitas aos Estados Unidos, Arnaldo Trindade comprara uma máquina de gravação Ampex, de quatro pistas, começando a gravar em 1952. Iniciou a etiqueta Orfeu em 1956 e publicou discos do Conjunto Pedro Osório, Titãs, Conjunto Sousa Pinto, Pop Five Music Incorporated, mas também do Conjunto Maria Albertina, Conjunto António Mafra, Quim Barreiros, num apoio nítido à produção discográfica do norte do país (p. 81). Arnaldo Trindade notabilizou-se ainda pelas estratégias de promoção: oferta de fonogramas às estações de rádio, organização de concertos (exemplos: Elton John, Marino Marini, Sandie Shaw, Sylvie Vartan), publicidade televisiva e sistema contratual com os intérpretes, com pagamento de remuneração mensal tendo como contrapartida a gravação de um fonograma por ano (casos de Adriano Correia de Oliveira e José Afonso).

Textos publicados por Leonor Losa podem ler-se na Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, com direção de Salwa Castelo-Branco, conjunto de quatro volumes editados em 2010 pelo Círculo de Leitores.

Rogério Santos / Indústrias Culturais, 02/02/2012


Um artigo do jornalista Orlando Dias Agudo publicado na revista Antena, nº 80, de 1 de julho de 1968 pode ser lido no blog Indústrias Culturais. O jornalista teve ocasião de visitar as instalações da Valentim de Carvalho e da Fábrica Portuguesa de Discos da Rádio Triunfo.

(imagem de Hugo Ribeiro no referido artigo)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Belter


Há cerca de 45 anos atrás, em Dezembro de 1967, num dos salões do Hotel Tivoli decorreu um beberete oferecido pela editora de discos catalã Belter. Tratava-se do arranque em Portugal de uma das duas editoras espanholas que na época apostaram na gravação de artistas portugueses (a outra, era a madrilena Marfer). O referido cocktail serviu, portanto, para apresentar os primeiros discos lançados em Portugal de artistas portugueses dessa editora, tendo reunido em tal convívio António Calvário (até então o “rei da rádio”), Luis Guilherme, Alberto Ribeiro e Shegundo Galarza, que foram, juntamente com Francisco Stoffel, os primeiros artistas a gravar para a Belter e cujos discos iriam ser colocados à venda em toda a Espanha, Argentina, Angola, Moçambique, para além de Portugal (então metrópole).

No dia da apresentação dos artistas e dos discos aos órgãos de informação, para além da habitual sessão de autógrafos, foram oferecidas pastas com os discos gravados pelos 4 cançonetistas nacionais (Luís Guilherme, Calvário, Alberto Ribeiro e Francisco Stoffel). No entanto, dos quatro cançonetistas apenas três estiveram presentes, pois Francisco Stoffel falecera dias antes vítima de uma doença que os médicos na altura não conseguiram identificar.

http://bairrodovinil.blogspot.com/2011/12/francisco-stoffel-canto-para-nao-chorar.html


A editora tinha surgido em Barcelona no ano de 1954.

Os nomes portugueses mais sonantes desta editora foram Madalena Iglésias, António Calvário e Paula Ribas. Lançaram muitos outros nomes.

Em alguns directórios aparecem alguns dados que devem corresponder à mesma empresa.

Discos Belter Lda
Rua Constituição, 74
4200-191 PORTO

Actividade: Comércio a Retalho de Discos, Cd, Dvd, Cassetes e Similares, em Estabelecimentos Especializados

Início de Actividade: 1965

http://www.linkb2b.pt/empresas/discos-belter-500086427.php

Discos Belter, Lda.
R. Constituição, 74

4200-191 Porto Porto

http://www.nossoportugal.com/empresa-121422/discos-belter-lda.html

sábado, 14 de janeiro de 2012

Strauss


Strauss - Música e Vídeo, S.A
Rua Adelaide Cabete, 3 -A
1500-023 LISBOA

NIF 502922575
CAE 46430
Início de Actividade - 1993

Actividade

Comércio por Grosso de Electrodomésticos, Aparelhos de Rádio e de Televisão

http://www.linkb2b.pt/empresas/strauss-musica-video-502922575.php