segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sassetti

TV- Disco falado Uma redacção muito especial

Tudo mudara, de repente, e nós com tanta coisa para gravar, para dizer, e sem antena para o divulgar. Para ser mais rigoroso: sem atinar ainda com a forma como nos haveríamos de situar na ordem radiofónica emergente. Só assim se poderá entender, à distância de 20 anos, como foi possível esta bizarra opção por nos organizarmos em mini-redacção com a tarefa de registar em disco algumas das transformações que a revolta do Movimento dos Capitães anunciava. O lógico seria, naturalmente, mergulhar no afã jornalístico das novas redacções, libertas enfim do olhar prévio dos censores governamentais, e para elas canalizar todas as reportagens efectuadas. Foi isso que começámos por fazer, naquele início de Verão de 1974. Num ápice, porém, a Emissora Nacional, estação oficial desde 1935, passou de porta-voz do regime de Salazar e Caetano para porta-voz dos militares e de comunistas e socialistas, as duas grandes forças que de imediato se posicionaram nos lugares-chave da empresa. No Rádio Clube Português (RCP) -- transformado por exigência do plano de operações de Otelo Saraiva de Carvalho e companheiros no «Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas» --, eram os militares e a Assembleia Geral de Trabalhadores quem definia as prioridades. Enquanto isto, na Rádio Renascença -- o espaço jornalístico radiofónico mais «liberal» no período marcelista mas onde a montagem das nove horas de gravação dos acontecimentos militares do dia 25 de Abril só pôde passar dois dias depois -- multiplicavam-se os confrontos entre administração e trabalhadores e destes entre si. Compreende-se, num tal panorama político-profissional, que as três emissoras tenham virado a sua atenção, quase em exclusivo, para o terreno institucional e para a cobertura exaustiva de plenários, ocupações, conferências de imprensa, e que esse facto as levasse a distraírem-se demasiado com o lado «événementiel» (e portanto conjuntural apenas), do que se passava no continente e nas colónias.

Juntemos a estas vicissitudes próprias do pós-25 de Abril a existência, na Sassetti, de uma prestigiada colecção de Disco Falado em cujo catálogo figuravam não apenas os inevitáveis discos de poesia, como também gravações de textos em prosa e, até, de uma mesa-redonda -- eis as razões pelas quais um pequeno grupo de homens da rádio resolveu dedicar-se, em paralelo à sua actividade profissional, a um trabalho de registo, em vinil, do «Diário da Revolução».

Adelino Gomes, Público, 15/02/1994

Não surgiram no local outros meios de captação de som até ao final da tarde, o que me proporcionou o privilégio de ter podido obter sete horas de documentos sonoros da Revolução doa Cravos, que mais tarde montei num condensado de cerca de duas e meia que cedi à Rádio Renascença para difusão na noite de 26 e madrugada de 27, sob a condição de nada ser alterado, truncado ou eliminado - o que a RR respeitou.

Durante essa transmissão, fui contactado telefonicamente pelo Dr. Alberto Ferreira, director da Divisão do Disco Falado da editora Sassetti, que me propôs a edição da reportagem em disco documental. Pus-lhe as mesmas condições a que obrigara a Rádio Renascença, que aceitou e respeitou também, constituindo a montagem final que fiz sobre os acontecimentos aquilo que entendi estar deontologicamente correcto e respeitar a verdade.

Assim nasceu o disco "O dia 25 de Abril - Diário da Revolução 1974", cujo direito de edição cedi à Sassetti para uma tiragem de 2.500 exemplares, por acordo a chegarem a público com um preço inferior a 180$00, de modo a que fossem acessíveis a todas as camadas de público.

Este é um dos trabalhos de que mais me orgulho de toda a minha carreira como jornalista, sinto-me feliz por poder ter estado no centro dos acontecimentos em data tão significativa, ter encontrado as parcerias que tanto valorizaram o trabalho e ter podido garantir ao património histórico do país um relato dos acontecimentos vivido no local e no momento em que
aconteceram.

Pedro Laranjeira

Entrevistas a nomes como Vasco Santana, Jaime Cortesão, José Gomes Ferreira,

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Livro de Paul Vernon

TEM a pose fadista de Argentina Santos na capa, um título amplo - mas não totalitário - e uma breve introdução à História de Portugal, não de todo isenta de alguns erros de cronologia. É o novo livro do britânico Paul Vernon, que também já publicou Ethnic and Vernacular Music, 1898-1960 (Greenwood Press, 1996) e o pequeno opúsculo Lines that Rhyme with Everyday Life (Minerva Press, Outubro de 1998).

Representa, para o autor, o culminar de uma longa paixão de dez anos, iniciada pela descoberta - em 1987, numa loja de discos em segunda mão de San Francisco - de uma colecção de discos de 78 rotações cujos sons o deixaram particularmente excitado. Era o fado.

Embora Vernon adiante que as suas conclusões sobre a matéria são aqui oferecidas «não como a palavra última e definitiva sobre este assunto mas antes como o relatório intermédio de um trabalho ainda em desenvolvimento e a introdução a um mundo que, espero eu, fascinará os leitores tanto como me fascinou a mim», à primeira vista parece ressaltar como evidência que esta «história do fado» é obra de um amador, senão de um curioso. Está recheada de lugares-comuns, das obrigatórias citações de Rodney Gallop (já que se parte do princípio de que «a Lisboa que Gallop encontrou em 1931 era essencialmente a mesma que Maria Severa conhecera um século antes») e de outros britânicos em percurso alfacinha. Os dois capítulos iniciais (respectivamente dedicados às «Origens» e aos «Instrumentos») são súmulas tão sumárias que se tornam confrangedoras - em especial porque, quando comparados com o volume de fontes e de documentos citados na bibliografia, permitem alimentar a suspeita de que o autor terá naufragado, sem bússola, nesse imenso oceano de informação e de que só a muito custo nós próprios conseguiremos sobreviver aos quatro capítulos seguintes (sobre «Lisboa», «Porto e Coimbra», «A Indústria Fonográfica» e «A Diáspora»).

Mas, entre a evocação da saudade, dos poetas-fadistas, de Pessoa e de outros vultos desaparecidos (como Adelina Fernandes, Armandinho, Estêvão Amarante, Artur Paredes, António Menano e, claro, Amália Rodrigues), o autor consegue sair de forma relativamente airosa desta refrega. Em boa parte isso deve-se às suas anotações sobre o aparecimento e a implantação da indústria discográfica em Portugal, conseguidas pelo recurso à consulta dos arquivos de correspondência da companhia His Master's Voice (antepassada da actual EMI). Surge assim um quadro assaz interessante da competição industrial (primeiro entre a Odeon inglesa e a Pathé francesa) que norteou a produção fonográfica europeia durante as primeiras décadas do século e do modo como ela comandou a selecção, produção e edição dos novos artistas e repertórios: «Os anos entre 1904 e 1925 foram um período de particular abertura e liberdade para a indústria portuguesa de discos. Os artistas ganhavam alguns escudos por cada lado gravado, nunca lhes sendo oferecidos contratos de edição com percentagem de 'royalties'.»

Referem-se também as primeiras evidências de pirataria, como no caso dos discos Chiadofone, que eram na realidade discos prensados por outras companhias mas com um novo logotipo colado sobre o rótulo original. Perante esta situação, «a companhia francesa Simplex integrou um dispositivo antipirataria no início de cada disco. Uma voz masculina gritava 'Discos Simplex!' antes do início da música, para que não restassem dúvidas sobre a origem da gravação». Esta e outras curiosidades, como a guerra comercial entre empresas de Lisboa e do Porto pela concessão em exclusivo da distribuição de discos e grafonolas britânicos em todo o território nacional - e mesmo cópias de alguns contratos -, constituem de facto o melhor desta obra e a primeira razão para a sua consulta.

Uma segunda razão é o CD oferecido, que contém uma compilação de 24 fados registados entre 1911 e 1944, incluindo raridades como um instrumental do célebre guitarrista Armandinho (1929); Adelina Fernandes (a cantora mais bem paga do seu tempo) interpretando «Fado Penim» (1928); dois temas de José Joaquim Cavalheiro e Carlos Leal, fadistas do Porto; diversas gravações coimbrãs pelas vozes de António Batoque, Edmundo de Bettencourt, António Menano e Paradela de Oliveira ou com a inconfundível guitarra de Artur Paredes; e mesmo duas gravações de fado produzidas no Rio de Janeiro em 1933/34.

Apesar de tudo isto, o preço da obra (12.000$00) é exagerado, em especial se pensarmos que a sua produção foi apoiada financeiramente pelo Ministério da Cultura e pela Associação Luso-Britânica Portugal 600.

JORGE P. PIRES, Expresso, 1999

terça-feira, 19 de abril de 2011

BMG


A RCA, que em Portugal é reresentada pela Polygram, aguarda brevemente a chegada do grupo Ariola conforme acordo internacional celebrado no ano passado entre a RCA e a Ariola.

Assim a Ariola deixará a sua actual casa em Portugal, a Dacapo, passando para a RCA/Polygram.

Blitz, 04/02/1986

BMG (Bertelsmann Music Group) foi uma das seis divisões da empresa alemã Bertelsmann, formada em 1987 para englobar as actividades relacionadas às gravações musicais da empresa

wikipedia

A BMG Ariola Portugal iniciou as suas actividades em 1989. No ano seguinte convidaram Tozé Brito para Director da empresa. Obtiveram grande sucesso com nomes como Delfins, Sitiados, Resistência, UHF, Santos & Pecadores, etc...

Tozé Brito deixou a empresa oito anos depois quando lhe exigiam a liderança do mercado. Após a sua saída a empresa decresceu bastante acabando por dispensar a maior parte dos artistas contratados.

A BMG acabou por ser incorporada na Sony.

noticia de 1998

A agenda BMG para a segunda metade de 98 promete prioridade absoluta ao catálogo nacional. Depois de, ao longo do primeiro semestre ter lançado álbuns de Flak (a estreia a solo do guitarrista dos Rádio Macau), Fernando Cunha (também num primeiro disco a solo, o guitarrista dos Delfins), Luís Represas (o primeiro álbum para a editora do ex-Trovante), Delfins (numa compilação com versões em castelhano) e Ovelha Negra (disco do novo projecto de Paulo Pedro Gonçalves), a BMG tem agendada para a segunda metade de 98 um total de 11 propostas em português.

Ainda este mês será lançado o primeiro disco dos Tsé Tsé, um novo projecto na área da pop. Igualmente perto está o álbum de estreia de Jorge Rocha (sem as Lipstick) para a BMG. "Uma primeira experiência da companhia nesta área", disse ao DN Tozé Brito, não escondendo alguma expectativa sobre este lançamento em concreto.

Em Julho será a vez de uma outra estreia, a das Baby, nas palavras de Tozé Brito, "uma versão actualizada das Doce, que não são pimba"... Também em Julho, será lançado o segundo álbum dos portuenses DR Sax. Um dos discos mais aguardados neste cardápio dadas as interessantes pistas de 0670. Os Caravana, projecto pop do guitarrista que acompanha os Delfins em palco, terão direito a estreia antes da pausa de Agosto.

Depois das férias, em Setembro, serão editados discos dos Entre Aspas (o quarto álbum de originais do grupo, a ser produzido por Flak), de Gil do Carmo e um disco de baladas de Adelaide Ferreira que inclui um dueto com Dulce Pontes (Papel Principal).

Um novo álbum dos Santos e Pecadores constitui o programa das festas de Outubro. E, em Novembro, será finalmente editado o álbum a solo de Miguel Ângelo, vocalista dos Delfins. Disco forçado a sucessivos adiamentos desde 1995, será totalmente regravado, já que todas as fitas nas quais em tempos Miguel Ângelo trabalhou serão arquivadas. Em dúvida está, segundo confidenciou Tozé Brito, a própria inclusão da cover de E depois do Adeus no alinhamento do disco. O ano fecha com chave de ouro, em Dezembro, com o álbum que assinalará a reunião dos Rádio Macau.

Dn, 24/06/1998

noticia de 2004

O director de marketing da BMG, Nuno Robles, é dos mais confiantes em relação aos próximos tempos: "A música vai sempre existir e vamos adaptar-nos ao mercado. Temos de lutar. O futuro não é deprimente, é um desafio, não é nenhum poço." A BMG, diz, não despediu ninguém nos últimos meses, porque previu o que vinha aí - "Fizemos uma reestruturação há três anos, pelo que a crise está a afectar-nos um pouco menos". O que chama uma "estrutura mais saudável" é mantida por 10 pessoas (eram 20). Com uma quota de 6 por cento, a BMG espera um "maior dinamismo no mercado com os festivais Rock In Rio-Lisboa e Super Bock Super Rock".

JOSÉ J. MATEUS / Público, 02/05/2004

B. M. G. Ariola - Actividades Audiovisuais, Lda.
Discos de Música - Editores
Jardim Malmequeres, 9 - Pontinha
1675-000 Pontinha Lisboa

http://www.nossoportugal.com/empresa-52404/b-m-g-ariola-actividades-audiovisuais-lda.html

segunda-feira, 18 de abril de 2011

CBS

Multinaciona discográfica CBS vai instalar sucursal em Lisboa

A companhia norte-americana CBS, uma das maiores empresas discográficas do mundo, projecta instalar uma sucursal em Lisboa em meados do ano - soube ontem a ANOP de fonte do sector.

Até há meses esta firma com sede em Nova Iorque esteve representada pela Rádio Triunfo, de capitais portugueses, mas uma falta de entendimento entre as duas partes fez com que não fosse renovado um contrato celebrado há muitos anos.

A «CBS Records» é uma divisão do grupo Columbia Broadcasting System que também possui a segunda maior cadeia de televisão dos Estados Unidos e interesses nas indústrias do cinema e rádio e de material de som e imagem.

CBS, Columbia e Epic são as suas marcas principais, além de distribuir produções alheias como as do grupo STAX, de Memphis, e do seu catálogo fazem parte algumas das maiores estrelas dá música popular, de Bob Oylan e dos Simon and Garfunkel a grupos da nova geração.

Em 1975 possuía 25 filiais no estrangeiro e representações em 17 países.

Segundo fontes de sector o seu volume de negócios no mercado discográfico português atingia há um ano cerca de 1500 contos por mês, importância que poderá ser significativamente aumentada se a sua sucursal adoptar uma gestão de catálogo mais agressiva que a sua antiga representante.

A Rádio Triunfo, ligada aos estabelecimentos Melodia e à Rádio Renascença, foi comprada em 1979 aos herdeiros de Rogério Costa leal, o nortenho seu administrador de dezenas de anos, por um empresário que também possui a Movieplay e interesses no ramo das cassetes.

A firma portuguesa, apesar de ter perdido a CBS, continuará a trabalhar com outro importante grupo discográfico norte-americano, designado internacionalmente por WEA, as inciais daquelas que são com a Reprise as principais etiquetas: Warner, Elektra e Atlantic.

A CBS será a segunda multinacional do sector a instalar-se directamente em Portugal, depois da Polygram, do grupo Philips (a Valentim de Carvalho também tem ligações profundas a um grupo sediado em Londres - a EMI),

A CBS poderá desta forma resolver um problema até agora sem solução - o da aplicação das verbas de «copyright» (direitos de edição) cuja transferência não é, a partir de certa percentagem, autorizada pelo Banco de Portugal.

Diário de Lisboa, 07/01/1981

A CBS instalou-se em Portugal no início da década de 80.

Em Portugal, editou discos de Lena d'Água, Dulce Pontes, Ana Faria e Paulo Gonzo, entre outros. Actualmente aposta em novos grupos como os Adiafa, assim como relançou Paulo Gonzo e criou parcerias externas para, na senda do sucesso outrora alcançado, continuar a dedicar alguma atenção à música portuguesa.

Originalmente chamado CBS Records, foi fundado em 1898, e comprado pela japonesa Sony em 1988. É um dos quatro maiores conglomerados de gravadoras do mundo junto com a Universal Music Group, EMI e Warner Music Group, sendo atualmente a segunda maior.

Em 2004 a Sony Music fundiu-se com a gravadora BMG criando a Sony BMG Music Entertainment. Em 2007, a Sony comprou a parte que cabia ao grupo Bertelsmann, e acabou com o conglomerado voltando ao nome "Sony Music".

Wikipedia

Quando, em finais dos anos 80, chegou a integrar as brigadas da GNR e andou pelas feiras do País inteiro atrás da cassete pirata a ajudar as autoridades a distinguir as verdadeiras das falsas, João Afonso, à data funcionário da famosíssima CBS (Bob Dylan e Cheap Trick, entre outros) – em Portugal representada pela Rádio Triunfo –, ainda estava longe de adivinhar que a pirataria pudesse vir a ser responsável por uma crise tão grave na indústria.

Há dois anos, João Afonso foi convidado a rescindir com a Sony Music, sucessora da CBS. A companhia que se fundiu com a BMG despediu 15 pessoas em 2004, mais dez no início de 2005 e fechou, entretanto, o seu armazém em Portugal. João Afonso que desempenhava o cargo de director de marketing estratégico para as compilações jazz e world music foi apanhado na onda.

http://www.myspace.com/oksav/stream

Sony Music Entertainment Portugal, Sociedade Unipessoal, Lda
Rua Prof Jorge da Silva Horta, Nº 1, 2º
1500-499 LISBOA

http://www.sonybmg.pt

NIF 501994963
CAE 18200

Início de Actividade: 1988
Actividade - Reprodução de Suportes Gravados

http://www.linkb2b.pt/empresas/sony-music-entertainment-501994963.php

domingo, 10 de abril de 2011

Dacapo


(...) já nos inícios dos anos 80, a Nova viria a ser adquirida pela Dacapo (editora e distribuidora musical alemã), continuando Joaquim Simões da Hora com as funções já exercidas na anterior empresa até a Dacapo cessar funções nos finais da mesma década.

Na Dacapo, entre as diversas responsabilidades que conciliou, foi responsável pelas primeiras prensagens em Portugal dos discos da Erato, contribuindo para o enriquecimento e desenvolvimento do mercado discográfico nacional, num período em que os catálogos internacionais de música erudita eram ainda muito raros e de difícil comercialização no nosso país.

(...)

À representação e distribuição dos discos da Erato juntou-se também a da Virgin Classics (já em formato CD), introduzida pela primeira vez no mercado nacional. No entanto, a Dacapo viria também a terminar em meados de 1987.

Tese de de Tiago Hora (2010)

In the 1980s, Arista and Island Records licensed selected works to the Dacapo company for manufacture and distribution in Portugal. The extent to which these labels are featured on releases varies. Filing releases under both Dacapo and the other label is permitted.

http://www.discogs.com/label/Dacapo

António Sérgio era A&R da editora. A Dacapo era representante de editoras como a Island (U2, Bob Marley, Cat Stevens,...), ZTT (Propaganda, Frankie Goes To Hollywood,...) ou Hansa (Modern Talking,...) com que obtiveram bastante sucesso. Em termos de catálogo nacional chegou a ter nomes como Paco Bandeira, Rodrigo, Maria Guinot ou António Sala.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Universal / Polygram / Phonogram

Origem e evolução

A Polygram Portugal teve a s/ origem na Philips Portuguesa e começou por ser o Departamento de Musica daquela Organização. A Empresa foi oficialmente constituída em Julho de 1974 c/ a designação social de Phonogram Portuguesa - Música e Video, SARL. Em Dezembro de 1978 alterou a designação social para Polygram Discos, SA.

Em Julho de 1996 voltou a alterar a designação social para Polygram Portugal - Som e Imagem, SA.

Em Julho de 1999, como resultado da s/ aquisição pelo Grupo Seagram, passou a chamar-se Universal Music Portugal, SA.

A Companhia desenvolve, em Portugal, actividades de edição, comercialização e distribuição de musica e vídeo, telemarketing e publishing.

Factos relevantes

Foi a primeira Editora discográfica em Portugal a investir em televisão em compilações c/ a famosa etiqueta POLYSTAR.

Foi também a primeira Editora em Portugal a investir em televisão em MÚSICA CLÁSSICA c/ LUCIANO PAVAROTTI.

Foi igualmente a primeira Editora em Portugal a criar e editar também c/ campanha de televisão projectos infantis, tais como: Avô Cantigas e Fungaga da Bicharada.

Foi ainda a primeira Editora a lançar discos das séries televisivas, nomeadamente: Heidi, Pipi das Meias Altas e Abelha Maia.

Com três presenças no Grande Festival da Eurovisão - Adelaide Ferreira, Gemini e Doce, esta foi a Companhia que apostou forte na Música Portuguesa e que descobriu e lançou nomes como: Green Windows, Cocktail, Gemini, Doce, Taxi, Herois do Mar, Dino Meira, Eugénia Melo e Castro, Trabalhadores do Comércio, Banda do Casaco, Afonsinhos do Condado, Rão Kyao, Paulo Bragança, Jorge Palma, Pedro Abrunhosa, Excesso e tantos outros.

Esta foi ainda a Empresa que consagrou entre outros nomes como: Francisco José, Carlos do Carmo, Carlos Paredes, Paulo de Carvalho, Tonicha, Jafumega, Quinta do Bill, Sérgio Godinho, Trio Odemira, Maria João, Maria João Pires, Xutos e Pontapés, Cândida Brancaflor, António Pinto Basto, Fernando Machado Soares, Luis Goes, Frei Hermano da Câmara, Manuel de Almeida e Teresa Tarouca.

Site Universal (2001)
http://www.umusic.pt/historia.htm

A Universal Portugal é uma das grandes editoras musicais do nosso país. Corresponde ao ramo português da empresa Universal Music, mas a sua história começou em 74, sob o nome de Phonogram Portuguesa.

Até ao ano passado, era conhecida como Polygram – nome adoptado em 78, e foi responsável por grande parte dos êxitos nacionais dos últimos vinte e poucos anos – desde o Avô Cantigas, ao Jorge Palma, passando pelas Doce. Entrevistámos Tozé Brito, o director da Universal Portugal, que nos pôs a par da actividade da editora.

A Universal Portugal é responsável pela produção do trabalho de artistas nacionais tão diferentes como Iran Costa e Mário Laginha e Maria João ou Dulce Pontes e a Fúria do Açúcar. Como é gerida a relação que mantêm com estes músicos, tão distantes entre si?

É gerida de uma forma profissional, onde não há espaço para qualquer tipo
de censura estética. Tal como noutras companhias conviveram artistas como
Amália Rodrigues e Marco Paulo e aqui, na Universal, artistas como Dino
Meira e Sérgio Godinho, continuaremos a pautar a nossa política de A&R por
critérios que, repito mais uma vez, não admitem qualquer tipo de censura
estética.

São também responsáveis pela divulgação de estrangeiros altamente conceituados. Falo de Caetano Veloso, Diana Krall, Beck e U2, entre muitos outros. Isso deve-se ao facto de funcionarem como a "filial" portuguesa de uma "mega-produtora"? Como funciona essa relação?

Obviamente que o facto de representarmos os artistas citados, é reflexo de
sermos o ramo português da Universal Music. Como em qualquer multinacional
artistas como os referidos são lançados internacionalmente em todos os países
onde a companhia opera e a relação estabelece fundamentalmente através dos
respectivos departamentos de Marketing.

Quais foram, em Portugal, os três maiores êxitos do ano passado - tanto a nível de nacionais como de estrangeiros?

A nível nacional os três maiores êxitos de Artistas da Universal no ano
passado foram Silence 4, Ornatos Violeta e Luís Represas.

A nível de artistas estrangeiros, U2, Limp Bizkit e Enrique Iglésias.

Relativamente a este ano, que novidades tem a Universal vindo a preparar para Portugal?

Lamento não vos poder adiantar nada a este respeito já que decorrem
presentemente várias negociações e não temos ainda, a nível internacional o
mapa de lançamentos para este ano completo. Ainda antes do Verão iremos
anunciar um "pacote" de novas contratações nacionais que, penso, darão a
conhecer a nova política de A&R da nossa companhia.http://www.blogger.com/img/blank.gif

A título mais pessoal, que cinco discos acha imprescindíveis a qualquer boa discografia?

É me impossível, sob pena de necessariamente excluir muitas obras que
considero obras primas, seleccionar apenas 5 discos imprescindíveis a qualquer
boa discografia. Da música clássica ao jazz, da pop ao rock, do rap ao
hip-hop, necessitaria de uma extensa lista para seleccionar apenas alguns dos
cerca de 2000 CD's que constituem a minha discografia pessoal.

Canal Música (Portal Netc), 25/01/2001

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Zip-Zip

Começou sob os melhores auspícios. Ficou-se lá por cima durante muitos meses: tantos quanto durou o melhor programa ao vivo da nossa televisão. Chegou, mesmo, a aguentar-se durante mais algum tempo. Depois foi a queda. Lenta, mas segura, como se tudo estivesse impecávelmente previsto, como se a perda de qualidade pudesse ser tão previsível quanto o são as coisas verdadeiramente previsivels. E o Zip veio por aí abaixo, sem que nada lhe pudesse valer. Sucederam-se as substituições de gerência. Vasco Morgado chegou, até, a ser patrão da casa.

Da primitiva equipa saem, sucessivamente, Carlos Cruz e Fialho Gouveia. Raul Solnado, dos três o que menos tempo tinha para se dedicar à empresa, é o único que. continua a aguentar-se no naufrágio e de repente a noticia surge inesperada para a grande maioria das pessoas, se não mesmo para todas: A Sassetti comprara o Zip.

O tempo foi passando. Agora já toda a gente sabe da ligação Zíp-Sassetti, do mesmo modo que muita gente contínua a ouvir o «programa» «Tempo Zíp».

sabendo-o apoiado pela empresa que comprou a organização que foi da tripla Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia. Mas... o que é, actualmente o Zip-editora-de-discos? Foi para saber isso que mantivémos uns momentos de conversa como homem que está à frente da produção: João Viegas.

ASSOCIAÇÃO

«Zip-Sassetti é, apenas, uma organização com a mesma direcção. A produção Zip não tem nada a ver coma Sassetti.»

João Viegas, que já estava no Zip antes da «grande modífícação», começou logo assim, para que não subsistissem dúvidas. E continuou com a mesma medida:

«Associado à Sassetti, e dado que esta última se tem dedicado desde sempre a um certo sector de artistas. Zip, como editora de discos, tem oportunidade de ser uma etiqueta mais popular, mais aberta ao «pop», ao Fado e ao folclore.

Isto não invalida, de modo nenhum, que qualquer artista que ainda esteja ligado ao Zip, como o Ruy Mingas e o José Barata Moura, por exemplo, não tenha um tratamento muito sério, como, aliás, o justifica o valor que eles têm e o Interesse que merecem.»

Estávamos, já, a falar de nomes. Mas João Viegas ainda queria dizer-nos que: «É muito válida (e acredito muito nela) a ligação das duas empresas. Lá fora também acontece assim, cria-se uma organização e distribuem-se os tipos de música por várias etiquetas. Conheço um caso em Espanha ... »

E João Víegas. falou-nos da etiqueta Accíón, que chega ao ponto de entregar a distribuição dos seus discos por várias outras editoras, como a Belter e a Movieplay.

«É por isso que eu acho que a associação Zip-Sassetti vai resultar muito bem».

NO LUGAR

«As coisas devem estar no seu lugar continuava o dirigente do Zip: «Sem misturas. Poder-se-á assim, fazer um trabalho, em cada campo, muito mais digno, muito mais profundo e honesto».

Para João Viegas, portanto, o trabalho dividido, como que especializado. Muito diferente eram as ideias, a princípio. Não do actual director do Zip mas de quem pensou e montou a empresa. Seja como for, as coisas estão, agora, muito mais definidas e o caminho muito mais seguro. Isto, pelo menos, foi o que nos sugeriu a visita que fizémos às instalações (remodeladas) da organização e a conversa com João Viegas.

Entretanto, restava ainda perguntar quem grava para o Zip. Nomes há que estão ligados à etiqueta desde a primeira hora. Quais são eles, os novos e os velhos?

«Ruy Mingas, José Barata Moura, José Manuel Osório, Hugo Maia de Loureiro, Efe 5, Carlos Moniz, Rebocho Lima, Raul Solnado, Maria do Amparo, Armando Marta, José de Almada, e o Vitor Manuel, vocalista do grupo «Sexta Reacção», que vai gravar a solo pela primeira vez.» A novidade é, portanto, Vitor Manuel.

«Poderá vir a ser um caso. O Zip tem muitas esperanças nele. Até aqui só cantou em Inglês, mas vai gravar em português, um «single» que será orquestrado pelo Pedro Osório.»

Era tudo. O «novo» Zip definiu-se, assim, perante os leitores do «Diário de Lisbo». Em breve veremos, muito possivelmente, os frutos da nova orientação. João Viegas veio dizer-nos que o Zip não morreu: antes pelo contrário, irá, agora, renascer com uma certa força. Os dados estão lançados.

Diário de Lisboa, 01/04/1972