sábado, 24 de dezembro de 2011

Rapsódia / Edisco

A Edisco, no mercado desde 1979, herdou a missão da empresa Discos Rapsódia, de manter o apoio à música popular portuguesa.

Conta com um vastíssimo repertório de Grupos e Artistas, é neste momento a editora mais antiga do país.

(É actualmente a única fábrica de cassetes na Península Ibérica)

Site Edisco

A Edisco esta no mercado da musica desde 1979 e desde esse tempo que a música foi a sua principal actividade sempre evoluindo e adaptando-se aos diversos suportes que foram surgindo (cartuchos, discos de vinil, cassetes, cd's e dvd's) mas sempre com a música.

De facto com o aparecimento da internet e consequentemente dos downloads ilegais o mercado da duplicação caiu muito, eu diria que, na ordem dos 80%, mas a copia directa também contribuiu para isso, não só os downloads....e se juntarmos a isso o preço exorbitante a que a música é vendida ao consumidor final temos as causas para a situação actual das editoras de musica, isto porque a música sempre foi o "parente pobre da cultura", senão repare porque é que um cd tem taxa de IVA de 23% e um livro tem tx de IVA de 6%?

(...) Apesar de continuarmos a ser uma Editora Discográfica , editamos pouco e neste momento a nossa área de negocio é a personalização de cd's, ou seja a impressão de cd's que são usados para diversos fins sendo que os nossos principais clientes são hospitais e laboratórios de imagiologia que usam esses cd's para gravar os exames dos seus pacientes. Criamos a nossa própria marca de caixas de cd's e dvd's que vendemos para a cadeia de lojas Media Markt bem como acessórios (bolsas para cd's; sistemas de arquivo para cd's, etc).

Sandra Cerqueira / Edisco,Lda.

Blog Música PM, 2 de Dezembro de 2011

Edisco - Empresa Editora de Discos, Lda.

Duplicação de CD
Duplicação de DVD
Duplicação de Cassetes
Editora Discográfica
Estúdio de Gravação


A Discos Rapsódia foi criada na década de 1950 pela Casa Figueiredo.

Casa Figueiredo
Casa Rapsódia (Discos)

Lançou os primeiros discos de José Afonso.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Estranha Forma de Vida


O 6º episódio de "Estranha Forma de Vida - Uma História da Música Popular Portuguesa" é dedicado ao outro lado do meio musical - as editoras por trás dos discos, especialmente no período que vai de inícios dos anos 50 a inícios dos anos 80. Para nos acompanhar, contámos com os testemunhos de Arnaldo Trindade, Carlos Cruz, Carlos Portugal, Daniel de Sousa, Eugénio Pepe, Francisco Nicholson, Hugo Ribeiro, Manuel Jorge Veloso, Mário Martins, Pedro Osório e Vieira da Silva.

João Carlos Callixto

Após a introdução do LP, em 1948, a indústria discográfica assiste a uma completa transformação. A etiqueta Orfeu foi uma das pioneiras no nosso país, como nos conta neste episódio Arnaldo Trindade. Mas, nas décadas de 50 e 60, a Valentim de Carvalho e a Rádio Triunfo disputavam muitos dos nomes maiores do fado e da canção ligeira, e profissionais do meio, como Carlos Portugal, Daniel de Sousa ou Mário Martins, relembram a sua passagem por essas editoras. Já na segunda metade da década de 60, surgem independentes, nomeadamente a Riso & Ritmo (recordada por Eugénio Pepe, Francisco Nicholson e Vieira da Silva) e a Zip-Zip (de quem ouviremos Carlos Cruz), criadas após o sucesso dos programas homónimos na RTP. A histórica Sassetti lança-se também no mercado discográfico já em inícios dos anos 70, como recordam Manuel Jorge Veloso e Pedro Osório, e acaba por conquistar um lugar de relevo no panorama nacional.

Site RTP

Discos Estoril
Rádio Triunfo / Alvorada
Valentim de Carvalho
Orfeu / Arnaldo Trindade
Discos Rapsódia
Tecla
RR / FF
Marfer
Zip-Zip
Sassetti / Guilda da Música
...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Orfeu


11/11/11. A LX Factory, tal como aconteceu nos últimos seis anos, escancara as suas portas durante um dia de Novembro, e convida toda a gente a espreitar, a intrometer-se e ver o que se passa lá dentro. É um dia de festa, em que se celebra um espaço que se recusou a permanecer apenas como um símbolo do passado – a antiga Companhia de Fiação e de Tecidos Lisbonense – e se impôs como um importante pólo de criatividade, uma ilha efervescente nascida no meio de Lisboa. E isso, parecendo, que não leva-nos à Orfeu, a mítica editora criada por Arnaldo Trindade em 1956, adormecida no início da década de 1980, e renascida agora como Art'Orfeu Media. Hoje, vive no interior da LX Factory. E esta sexta-feira vai mostrar, em dois momentos, o seu passado e o seu futuro.

Orfeu – ontem, hoje e amanhã Ontem, 17h30-18h30:

Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Sérgio Godinho, Fausto e Vitorino, mas também Miguel Torga, José Régio ou Sophia de Melo Breyner, mas também Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro ou Jaime Cortesão, e ainda Pop Five Music Incorporated, Quim Barreiros, Duo Ouro Negro ou Conjunto António Mafra. A história da Orfeu, fundada por Arnaldo Trindade em meados da década de 1950, é a história de um homem que queria estar entre os músicos, que não queria ser um editor de secretária, à distância, e que se dividia entre um amor profundo à música e outro tanto à poesia. E que, mais do que tudo, queria criar algo novo na música portuguesa. E oferecer o seu espaço ao talento que encontrava.

Para recordar o percurso notável da Orfeu nas décadas de 50, 60 e 70, a Art’Orfeu Media convida todos a partilharem, entre as 17h30 e as 18h30, uma conversa com quem esteve e está hoje directamente envolvido na história escrita e reescrita da editora:

- Arnaldo Trindade, seu fundador, dinamizador e admirável contador de histórias;

- Carlos Cruz, responsável pela comunicação e parte da “super equipa” de Arnaldo Trindade – que incluía ainda José Niza, José Calvário e Miguel Graça Moura – em princípios da década de 70;

- David Ferreira, ex-director da EMI-Valentim de Carvalho, actual responsável pelas reedições do projecto Poetas & Prosadores do catálogo da Orfeu;

- Ruben de Carvalho, director da Festa do Avante! e responsável pelas reedições da série "Fados" na Orfeu;

- Vitorino, músico que gravou para a Orfeu os seus quatro primeiros álbuns;

- Zélia Afonso, viúva de José Afonso, nome maior do catálogo da editora, cuja obra será integralmente reeditada em 2011.

No final desta confraternização o professor e pianista Amílcar Vasques-Dias fará uma interpretação muito especial de alguns temas da obra do Zeca Afonso.

No pós-jantar, o palco que foi ocupado pela conversa ao fim da tarde dará lugar à música, interpretada por alguns dos nomes que recuperam o espírito original da Orfeu para os dias de hoje. Durante o ano de 2011, a par da reedição de discos de Mário Viegas e Mena Matos, a nova Orfeu publicou dois novos álbuns que, de certa forma, ajudam a balizar os caminhos da música portuguesa que a editora explorará de futuro:

"REIntervenção", um tributo a José Afonso que promove parcerias inéditas tão ao gosto da antiga Orfeu e "Onde Mora o Mundo", disco em duo de JP Simões e Afonso Pais. Simões e Pais, de resto, integrarão o lote de músicos que actuará esta Sexta-feira no espaço daOrfeu na LX:

- Amílcar Vasques-Dias e Tiago Sousa, em representação do projecto "REintervenção";

- Afonso Pais e JP Simões, em recapitulação do disco "Onde Mora o Mundo";

- Vítor Rua, fundador dos GNR e do duo experimental Telectu, em apresentação de "Heavy Mental", disco improvisado em guitarra de 18 cordas a publicar em Novembro;

- Filipe Raposo, nome mais ligado à música tradicional, aqui em apresentação do seu disco em trio de jazz a publicar em Novembro;

- Pedro Esteves, novo cantautor português, cujo disco de estreia, "Mais Um Dia", será lançado em Fevereiro.

Entre o passado e o futuro há um presente. Venha ter com ele no dia 11. Às 17h30 e às 22h30.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Uma Vida Cheia de Música



Maria Angelina 1951-1975 - Chinguar - Silva Porto

Trabalhou na Rádio Reparadora e na Fadiang, em Silva Porto, as maiores editoras discográficas em África. Alimentou-se da música, do desporto e das amizades. Hoje, Maria Angelina, ou Zita para os amigos, gosta de se lembrar da terra onde foi feliz.

Aos 19 anos, Maria Angelina empregou-se na maior editora de discos da África portuguesa, a Rádio Reparadora, que ficava em Silva Porto. «Vendíamos muita música africana para quase todo o território angolano.» Volvidos alguns anos, esta jovem enérgica, que tinha como grande divertimento trepar às árvores com uma faca na mão, mudou-se para a Fadiang - Fábrica de Discos de Angola, que pertencia ao mesmo dono, e que mais tarde veio a ser seu sogro.

A Fadiang começara a trabalhar em Silva Porto, um pouco depois de a Valentim de Carvalho ter iniciado actividade em Luanda. «Importávamos muita música. Tive o privilégio de fazer selecção daquilo que tinha de exportar, bem como de escolher música africana», explica Zita, que ia a concertos para seleccionar os grupos mais interessantes. «Fazíamos as gravações num estúdio em Luanda, que não era nosso, e depois editávamos os discos em Silva Porto», refere. Esta angolana, que passeava descontraidamente na sua mini-honda, conviveu com o cantor Paco Bandeira, que se encontrava em Angola numa comissão de serviço militar, aproveitando para realizar espectáculos.

Viver a vida

Sempre gostou de música e, ainda que o pai achasse estranho, era com música que conseguia estudar. Baptizada com o nome de Maria Angelina, em homenagem à avó materna, depressa a madrinha a rebaptizou como Zita e assim ficou até hoje.

Fazia parte de uma família de 11 filhos, sendo a segunda das três irmãs, mas lembra-se de, à mesa, serem 18 a vinte pessoas, contando com os primos, que «iam todos lá para casa». Nasceu há 60 anos numa quinta que o seu avô materno, António Cravo, tinha nos arredores de Chinguar, onde adorava estar na companhia das tias. Ali semeava-se trigo e milho e havia espaço para a neta brincar à vontade. Ficava lá três a quatro meses sem sentir «grande necessidade de ir a correr ter com os pais», que moravam a cerca de duzentos quilómetros para norte, no Ecombe. Ali fez a escola primária, marcada pelo facto de os professores baterem nos alunos.

Contra a vontade do pai, a família mudou-se para Silva Porto, actual Kuito. Por essa razão, o chefe da família teve de comprar uma motorizada para trabalhar na moagem. Tratava-se de uma das maiores empresas da região, propositadamente instalada no planalto, por ser considerado o celeiro de Angola, onde havia milho, trigo e se semeava o arroz. Ali existia a linha do caminho-de-ferro de Benguela, de onde vem o nome de Silva Porto Gare.

No liceu, onde ficou até completar o antigo quinto ano, Zita continuou a desfrutar de «uma vida boa» e a fazer piqueniques com os amigos. «Nem que andássemos trinta ou quarenta quilómetros, íamos sempre, umas vezes de boleia, outras de bicicleta.»

Desses tempos, recorda a época em que foi jogadora de futebol e de futsal, na equipa feminina do Bié. Ainda hoje os colegas se reúnem para conviver em festas que nunca juntam menos de uma centena, havendo mesmo quem venha propositadamente do Canadá, como aconteceu o ano passado.

Livros, discos e produtos rurais

Aos 17 anos, Zita foi trabalhar para uma livraria - o seu primeiro emprego - e mais tarde para uma drogaria. Passado algum tempo, trocou-a pela casa comercial de uma tia, situada em Kangote, que ficava fora da cidade (no mato).

Por pressão da mãe, concorreu para ser monitora - hoje seria professora primária - num posto escolar, que ficava em Kapange. A escola era uma cubata, sem bancos nem carteiras e a casa mais próxima ficava a dez quilómetros. Os alunos, que não chegavam a uma dúzia, sentavam-se nuns banquitos feitos em troncos e tinham apenas uma ardósia, mas «manifestavam uma força extraordinária de aprender». «Era fantástico!», sublinha. Sem condições, Zita desistiu de dar aulas e empregou-se na Rádio Reparadora.

Foi ainda monitora da Extensão Rural, uma organização estatal que tinha como objectivo ensinar os angolanos a terem melhores rendimentos nas suas culturas e a fazer subprodutos do que cultivavam. «Ensinávamos-lhes que era possível, por exemplo no caso do amendoim, fazer manteiga de amendoim e aproveitarem o óleo.»

Portugal muito perto

Zita casou-se e a lua-de-mel foi passada em Portugal, onde o marido veio fazer um estágio. Aterraram em Lisboa em Novembro de 1974. «Estava um sol radioso e eu adorei o país.» No dia seguinte rumou para o Porto, onde a chegada foi menos calorosa, com frio e chuva. «Estava um tempo horroroso e eu detestei o Porto, cidade de que ainda hoje não gosto muito», confessa. Em contrapartida, adora o Alentejo, porque lhe faz lembrar as suas planícies, «com espaço, sol e calor».

Ao regressar a Angola, perguntaram-lhe como era Portugal e Zita respondeu: «Muito lindo para darmos uma voltinha e regressar a casa», mas um ano depois, esta angolana de alma e coração, já estava de volta com dois sacos na mão numa ponte aérea.

A família também veio, incluindo o sogro, que foi contactado para montar a fábrica de discos da RDP - Radiodifusão Portuguesa, com a editora Imavox, no local onde se situavam os antigos emissores do Rádio Club Português. A zona que oferecia melhores condições foi Vale de Figueira, e ali o sogro de Zita reergueu a indústria, empregando quase só os seus trabalhadores de Angola. A banda sonora da Guerra das Estrelas, encomendada por Inglaterra, e os milhares de discos, feitos ainda em vinil, não foram suficientes para manter de pé esta empresa que, no nosso país, editava apenas música portuguesa.

Viveu na Guiné e na Madeira, onde teria ficado se o emprego do marido se tivesse mantido. Hoje, já viúva, trabalha nos Recursos Humanos da Universidade Lusófona, é avó e aspira um dia poder mostrar às filhas - portuguesas - a terra onde nasceu e foi feliz.






Cristina Silveira / Write View (Notícias Magazine, 2011)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Imavox

Por escritura de 11/V/1972 foi constituída a sociedade “IMAVOX - Som e Imagem, SARL”, sendo que a accionista maioritária era o “Rádio Clube Português, SACRL”. Esta veio a ser nacionalizada em Dezembro de 1975, através do DL. no 674-C/75;

Após a nacionalização da Rádio, a Comissão Administrativa da Radiodifusão Portuguesa nomeou uma Comissão Administrativa para a IMAVOX, que substitui os órgãos legais e estatutários. Tal Comissão, de composição variável, administrou a IMAVOX até 26/VI/1979;

Em acta de Assembleia Geral de 18/VI/1979, foram nomeados administradores da executada IMAVOX Arlindo Gomes de Carvalho, Júlio César Carvalho Rodrigues Pereira, Rui Eduardo Oliveira Soares, Joel Nelson Mendonça Vaz e “Parodiantes de Lisboa, Publicidade e Artes Gráficas, Lda.”, para o triénio de 18/VI/1979 e 18/VI/1982.

O Conselho de Administração nomeado em 18/VI/1979 elaborou um relatório ao Presidente da Comissão Administrativa da Radiodifusão Portuguesa, sendo a situação económica da IMAVOX, em Junho de 1979, de falência técnica, só não declarada por a maioria dos credores se situarem na esfera estatal. O Conselho de Administração, então nomeado, após a análise da situação económico-financeira da empresa, perante a situação de falência técnica, tomou várias medidas com vista à recuperação económico-financeira da IMAVOX, designadamente:

- a satisfação de alguns compromissos mais prementes com o estrangeiro;
- liquidação de todos os encargos contraídos durante o mandato da administração, nomeadamente, de natureza fiscal;
– reestruturação dos serviços;
- transferência do armazém para a sede;
- aluguer da fábrica de discos da R.D.P., o que se considerou um factor essencial de sobrevivência da IMAVOX;
- estabelecimento de bases para uma programação com vista a uma permanente intervenção no mercado do disco;

Por sentença de 15/V/1984, a IMAVOX foi declarada em estado de falência;

Dados retirados do Acórdão de 27 de Setembro de 1995

"Mais tarde comecei a fazer as minhas próprias músicas e decidi ir mostrá-las. Um amigo meu conhecia umas pessoas no Rádio Clube Português que estavam ligadas a uma editora nova, a IMAVOX, e foi aí que gravei o meu primeiro disco. Foi assim que a música entrou na minha vida." Carlos Alberto Vidal, i, 2011 (Gravou dois singles e o LP "Changri-Lá" para a Imavox).

"Entretanto, ainda em 1972, assina contrato com a Editora IMAVOX , editora ligada ao Rádio Clube Português, onde grava o seu primeiro L.P, designado por Cantos Livres, Contos Velhos, ( L. P. – 1973 ) e os singles Amigo, meu amigo ( single – l973); Barquinha vai, Barquinha vem ( single – 1974)." (Biografia de Francisco Naia)

Editora ligada ao Rádio Clube Português. António Sala foi colaborador da Imavox. Para a editora gravaram nomes como Rodrigo, Berta Cardoso, Cidália Moreira, Carlos Zel, João Ferreira Rosa, António Calvário, José Cheta, Perspectiva, Banda do Casaco, Petrus Castrus, Carlos Alberto Vidal, Very Nice, Go Graal Blues Band, etc

Era a representante em Portugal da Motown.

A Imavox chegou a ser responsável pela edição dos discos da "Discoteca Básica Nacional", iniciada em 1978, e que mais tarde, em 1987, passaria a fazer parte da editora PortugalSom.

IMAVOX

Representavam a Motown em Portugal.

Houve uma complicação legal que condenou José Serafim e a Movieplay. Durante 8 anos a Riso & Ritmo comprou discos da Motown à Imavox que os podia produzir. Quando não tinha capacidade de produção a Riso e Ritmo podia produzir os discos noutro fabricante. O que acontecia na fábrica da Rádio Triunfo que também era propriedade de José Serafim.

(Billboard, 25/07/1981 e 08/08/1981)

Ligação:

http://www.discogs.com/label/Imavox
http://rateyourmusic.com/label/imavox/

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Riso e Ritmo

A Discos RR foi formada por Armando Cortez, Francisco Nicholson e Eugénio Pepe. "Riso e Ritmo" era o nome do programa de humor na RTP de Cortez e Nicholson. Foram eles quem inaugurou a etiqueta com este EP. O segundo disco era da comédia musical "Querida Mulatinha" com Iolanda Braga e Raul Solnado, de 1966.

Mais tarde a etiqueta foi comprada pela Movieplay (1977?). Algumas das reedições de José Afonso foram lançadas por esta etiqueta.

outra informação mais recente obtida em cassete de 1991 dos Terra Viva:

"Cassete editada em 1991, Edição e Distribuição de Riso e Ritmo Discos SA, gravada nos Estúdios Riso e Ritmo Discos SA, Lisboa"

início da actividade da Movieplay Portuguesa - Discografica, S.A. : 1977

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Arnaldo Trindade

A Orfeu gravou poetas como Miguel Torga, acolheu depois a música de José Afonso ou Adriano Correia de Oliveira e deu duas senhas a uma revolução. "Éramos construtores de uma ideia nova", diz o fundador, Arnaldo Trindade. Trés décadas depois, a Orfeu está de volta

Um rapaz de 18 anos põe-se a caminho de Miramar, em Vila Nova de Gaia, para falar com um vulto da poesia famoso pela reserva e pelo temperamento difícil. O rapaz não se intimida. Bate à porta e explica-lhe ao que vai. Quer gravá-lo a dizer a sua poesia. O "mais difícil" dos poetas, Miguel Torga, recebe-o e ouve-o. "Os poetas são muitas vezes mal interpretados pelos ‘diseurs', porque interpretam teatralmente e perde-se o intimismo dos poemas", argumenta. Mostra-lhe discos de Jean Cocteau para reforçar a argumentação. O rapaz sai da casa de Miramar com um prémio que impressiona. A sua recém-formada editora, a Orfeu, seria lançada com Torga por Torga. "Quando criámos a secção de discos, fui falar obviamente com o mais difícil. É assim que se deve fazer, não é?", lança Arnaldo Trindade, hoje com 77 anos.

Foi precisamente essa ambição e essa força de vontade que nos conduziu, numa tarde de Verão de 2011, a uma casa na Foz portuense. Porque primeiro foi Torga, e, como quem "tinha Torga tinha tudo", chegaram à Orfeu depois dele José Régio, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro ou Ferreira de Castro. Porque depois, quando à poesia se juntou a música, chegou a ele um homem chamado José Afonso, "proscrito" no meio editorial pelos problemas com a censura (a autocensura das rádios e editoras, e censura a oficial do Estado), à procura de casa que o acolhesse. "Era tão maravilhoso, certamente político, mas tão inteligente", que Trindade não hesitou. Em 1968, José Afonso gravou o seu primeiro disco para a Orfeu. "E quem tinha o Zeca Afonso tinha tudo".

Foi na Orfeu que José Afonso gravou o melhor da sua obra, foi na Orfeu que Adriano Correia de Oliveira lançou todos os seus discos, ali ouvimos a estreia de Vitorino, o "Pano Cru" e o "Campolide" de Sérgio Godinho, o "Blackground" do Duo Ouro Negro.

Eis-nos então, 43 anos depois de "Cantares do Andarilho", a ser recebidos numa casa da Foz por um homem enérgico e jovial chamado Arnaldo Trindade. Contador de histórias contagiante, tem um misto de fleuma inglesa e descontracção portuense. Um cavalheiro que, na companhia de um charuto e de arquivos seleccionados, nos conduzirá durante várias horas pela história inacreditável dessa Orfeu de poetas e músicos, de designers e empreendedores diversos, que, de pequena editora independente anexa a loja de electrodomésticos, na Rua de Santa Catarina, em frente ao Majestic, se tornaria um aglutinador e instigador de várias revoluções: estéticas, tecnológicas e de mercado. Tudo seguindo uma política explicada nestes termos simples: "A minha linha era a beleza e a qualidade. Coisas que merecessem a pena ser gravadas. Sempre o melhor". Ele que nunca dirá "eu", privilegia sempre o "nós", definirá assim a Orfeu: "Éramos construtores de uma ideia nova". Ele que, aqui sim, utiliza o eu, era o "catalisador num ambiente fervilhante".

À primeira vida da Orfeu, entre as décadas de 50 e 80, segue-se agora um renascimento. Na recta final de 2010, voltámos a encontrá-la nas lojas (ver caixa). Com Arnaldo Trindade, porém, é pela primeira história da Orfeu que viajamos.

Ver mais longe

Filho de um comerciante solidamente implantado no coração do Porto, Arnaldo Trindade cresceu num ambiente especial. No final dos anos 50, o pós-guerra e um "espírito anti-establishment" criou na Invicta um período de renascimento artístico. Foi criado o Cineclube do Porto, onde Arnaldo Trindade ia todos os domingos, às 11h, ver os filmes que não passavam em exibição comercial: "o neo-realismo italiano, o romantismo francês". Surge também o Teatro Experimental do Porto, de que será um dos fundadores. Havia ainda a escola de Belas Artes e pintores como Isolino Vaz, que seriam depois "resgatados" para trabalhar na Orfeu. Arnaldo Trindade estava no centro de todas estas movimentações. "Ia jantar todas as segundas ao Escondidinho com o Manoel de Oliveira, o José Régio, o Alberto Serpa, o António Lopes Ribeiro", conta. Eram tertúlias organizadas pelo director do jornal "O Primeiro de Janeiro", Manuel Pinto de Azevedo, "onde se discutia tudo": as artes, a política, a vida. Todos contra o regime do Estado Novo, assegura. "Penso que ninguém era do regime naquela altura. Talvez os chamados tachistas... Mas francamente, com o espírito de renovação que havia, quem é que queria ser retrógrado?" Certamente que não Arnaldo Trindade.

Ele que viajava todos os anos até aos EUA para um mês de férias, que conhecia Londres e Paris, tinha muito mundo. Via mais longe: "A grande vantagem de viver em Portugal é que conseguíamos ver o bom e o mau do futuro". Quando o seu pai morre prematuramente e Arnaldo Trindade se vê obrigado a trocar o percurso na engenharia pelo comando dos destinos da empresa de venda de electrodomésticos, começa a aplicar o que lhe mostrava esse futuro àquilo que tinha à sua volta. Portugal, década de 1950.

Grava músicos jazz a viver no Porto e aproveita a passagem de nomes famosos pelas salas da cidade para os registar - aconteceu com Los Paraguayos, por exemplo. Grava-os com as melhores condições que a tecnologia lhe podia então oferecer - um gravador Ampex de quatro pistas -, e contrata fotógrafos e designers para assegurar a qualidade do grafismo das edições.

Tem visão de negócio: para estimular a compra de discos, viaja até França e encomenda milhares de gira-discos; depois lança uma promoção: na compra de dez fonogramas, oferecia um desses aparelhos. Tem "espírito de missão": "Tínhamos a loja de electrodomésticos e isso dava-nos o suporte financeiro. A Orfeu era a minha forma de intervir e a minha paixão. Só foi possível fazê-la em termos de paixão, porque não havia lógica comercial". Assim atraiu os melhores.

Levou Miguel Torga aos primeiros "estúdios" da Orfeu. Numa das cabines da loja, depois da meia-noite para que não houvesse ruído a corromper o silêncio necessário, o autor de "Bichos" leu "Ode à Poesia". Ao ouvir a sua própria voz, emocionou-se de tal forma que a mulher, Andrée Cabrée, teve de o reanimar com uma injecção de coramina.

Depois dos poetas e prosadores, Arnaldo Trindade gravou músicos jazz e bandas portuenses, alargou o âmbito da acção assegurando contratos de distribuição com editoras como a inglesa Pye Records, a americana Tamla Motown ou a Vogue francesa - o que lhe permitiu trazer ao Porto Françoise Hardy, entre outros.

Um espírito familiar

A chegada da Orfeu à história da música portuguesa começa a ganhar contornos de definitiva grandeza quando António Portugal, guitarrista imprescindível na renovação da "canção de Coimbra", e Rui Pato, violista que entre muita actividade acompanhou José Afonso no seu percurso discográfico inicial, alertam Arnaldo Trindade para um cantor extraordinário que surgia em Coimbra. "O grande passo foi quando conheci o Adriano Correia de Oliveira", acentua. Com o cantor de "Trovas do vento que passa", que até à morte aos 40 anos, em 1982, registaria toda a sua obra na editora, anunciava-se a chegada à Orfeu de uma geração que renovaria profundamente a música portuguesa enquanto se assumia como barricada de resistência ao fascismo. Adriano trouxe José Niza - "disse-me que era indispensável, que o contratasse ao preço que pudesse" -, que se tornou peça fulcral da editora, ao lado de José Calvário, enquanto músico, produtor e compositor. E entretanto José Afonso bateu à porta.

A Orfeu diversificou-se e, para dar o passo em frente, assegurou a viabilidade financeira com bandas como o Conjunto António Mafra, "populares mas muito distantes do popularucho que havia na altura", garantindo assim a distribuição junto das comunidades emigrantes portuguesas.

Paralelamente, Arnaldo Trindade organizava em 1969 a primeira convenção da Indústria Discográfica em Portugal, atraindo a atenção da revista "Billboard", por exemplo, ao trazer a Ofir representantes de todo o mundo e bandas como os Foundations, os Status Quo ou os Long John Baldry, onde tocava um pianista louro então chamado Reginald Dwight (hoje conhecemo-lo como Elton John).

Arnaldo Trindade dirigia a Orfeu como empresa disciplinada - "sem precisar de impor nada" -, mas com um espírito familiar, dado ao improviso a um grau recomendável de excentricidade: após a vitória de Sandie Shaw na Eurovisão, com "Puppet on a string", montou uma caravana de seis carros para viajar até Paris, carregá-los de EP e regressar antes que a Valentim de Carvalho os tivesse nas lojas.

Revolução a caminho

José Afonso. Arnaldo Trindade mostra-nos uma dedicatória: "Adversariamente, mas com admiração, José Afonso". Afonso, tal como Adriano Correia de Oliveira, tal como muitos dos autores editados por Arnaldo Trindade, defendia a esquerda revolucionária. Trindade, por sua vez, tinha em mente "uma ideia democrática americana" - hoje, confessa, não sabe como se há-de definir. Estavam, porém, do mesmo lado da barricada. Claramente: "Era preciso ir mais à frente para conseguir mudar o sistema, para conseguir a utopia que sempre defendi, tal como Zeca Afonso, de uma sociedade mais igualitária. A nossa política era a utopia".

Era. Arnaldo Trindade que, enquanto editor, era responsável perante a PIDE pelas edições, assumia essa responsabilidade sem constrangimentos. Até porque, apesar de "em momentos mais complicados" ter de correr a esconder os discos debaixo da cama dos filhos, o seu "único disco proibido" foi, conta, "Je t'aime, moi non plus", de Serge Gainsbourg e Jane Birkin - apareceu o oficial da PIDE e apreendeu-o, mas não sem antes reservar "três ou quatro para si".

Era uma utopia? Sim, repetimos. Arnaldo Trindade não olhava a custos. José Afonso e Adriano Correia de Oliveira tinham generoso salário mensal, com obrigação de gravar um novo álbum a intervalos regulares. Os músicos ambicionavam o melhor e era o melhor que a Orfeu lhes oferecia. "Numa altura tínhamos o Zeca a gravar no Chateau Herouville [nos Strawberry Studios, onde haviam gravado antes, por exemplo, os Rolling Stones], com o José Mário Branco a produzir; o Adriano em Londres na Pye Records; o [José] Cid na Vogue, em Paris".

"Cantigas do Maio" (álbum de 1971 de José Afonso, onde encontramos "Grândola vila morena" ou "Canto da Primavera") custou "um milhão de escudos", impressiona-nos. "Mas é o melhor disco português de sempre", sorri, orgulhoso. E isso, claro, é para ele o mais importante.

Quando se preparava para editar "Operário Em Construção", LP de 1972 em que Mário Viegas, acompanhado de José Calvário (compositor e orquestrador residente da Orfeu), José Luís Tinoco e José Niza, interpreta poesia de Vinicius de Moraes, Bertold Brecht ou Manuel Alegre, vários amigos avisaram-no que "estava louco", que era uma imprudência. "Mas não gravo porquê?, isto é tão bonito", retorquiu. E gravou, e editou.

Dois anos depois, o 25 de Abril foi anunciado com "E depois do adeus" e "Grândola vila morena". Curiosa coincidência: duas gravações da Orfeu.

Na sua história, além de todos os anteriormente referidos, está a epopeia em rock sinfónico de José Cid, "10.000 Anos Entre Vénus e Marte", ou canções vitoriosas no Festival da Canção - "E depois do adeus", "Festa da vida"http://www.blogger.com/img/blank.gif, por Carlos Mendes, ou "Madrugada" por Duarte Mendes. Fica uma história ainda por redescobrir, a dos poetas que foram a primeira paixão de Arnaldo Trindade.

Quando encerrou a Orfeu, não sentiu qualquer angústia, qualquer saudade. Não tem nenhum disco da editora a que dedicou três décadas de vida. Tem livros e dedicatórias: "Arnaldo Trindade, a quem tanto deve tanta poesia", assinado: Ary dos Santos.

Interessam-lhe as memórias e passá-las a quem o procurar. "O maior orgulho foi ter-se conseguido fazer", diz. "Tudo o que nasce morre, e nós morremos no zénite". E agora renasceram.

Mário Lopes, Ipsilon / Público, 04/08/2011


As versões de José Afonso em "REintervenção", "Onde Mora O Mundo", de JP Simões e Afonso Pais, e reedições de Mário Viegas e Mena Matos deram arranque à nova Orfeu. Seguem-se Vítor Rua e Pedro Esteves.


Na recta final de 2010, anunciou-se o regresso. Orfeu: todos recordávamos o logótipo dos discos de José Afonso e foi precisamente por ele que começou o renascimento. A 2 de Agosto de 2009, o autor de "Os Vampiros" completaria 80 anos e a Movieplay desafiou Pedro Passos a organizar-lhe uma compilação de homenagem. A falta de tempo adiou o projecto, mas deixou uma ideia a germinar. Porque não reactivar a Orfeu?

A ideia tornou-se realidade com "REintervenção", o álbum inicialmente idealizado, e de "Onde mora o mundo", de JP Simões e Afonso Pais. Entretanto, surgem também as reedições de "Operário em Construção/País de Abril", com poesia de Vinicius de Moraes, ou Manuel Alegre dita por Mário Viegas, e de "25 de Abril ‘Confidencial'/Proibição de Voltar à Direita", do humorista Mena Matos. Os primeiros lançamentos revelam a estratégia da nova Orfeu. Pedro Passos, A&R: juntar, "às novas edições, a recuperação dos discos antigos", muitos nunca disponibilizados em CD. Na calha pode estar o lançamento de uma "colecção de poesia, dita pelos próprios autores", parte importante e por agora indisponível do catálogo original.

Para a "rentrée" estão marcados os lançamentos de "Heavy Mental", de Vítor Rua, um improviso em guitarra de 18 cordas construída pelo músico, e "Mais Um Dia", de Pedro Esteves, um dos músicos de "REintervenção".

Mário Lopes / Público, 04/08/2011


Esperava outra reacção do José Afonso...

O choque foi muito grande, porque eu fazia umas cantiguinhas um bocado para o lírico e, depois dessa conversa, fui para casa e fiz uma série de cantigas assim de rajada, de um dia para o outro. Uma delas, o "Cantigueiro", que foi a que mais me marcou. O Zeca achou graça, adoptou-a e, quinze dias depois, lá estava eu a gravar um disco para a editora onde ele gravava: a "Arnaldo Trindade".

Era uma editora fora do comum...

O senhor Arnaldo Trindade era um comerciante e importador de electrodomésticos que gostava muito de música. Gostava tanto que pagava o ordenado ao José Afonso e ao Adriano Correia de Oliveira para eles se manterem na editora. E fazia-o porque era amigo deles e pelo gosto de não perder as coisas que eles compunham e cantavam...

Não haveria muito lucro...

Quando o Arnaldo Trindade gravava José Afonso e Adriano Correia de Oliveira ele assumia logo à partida que os discos iam ser proibidos. Os que eram divulgados vendiam-se bem mas, feitas bem as contas, duvido que lhe desse lucros. Darão agora, e a gente que não merece. Além disso, os discos que eram proibidos não rendiam direitos de autor, o que fazia com que os ganhos fossem mínimos... Depois, o meu disco saiu e teve uma passagem oficial na Renascença e uma outra passagem na Emissora Nacional. A seguir foi proibido.

Entrevista de Samuel ao Jornal Folha de Montemor

Página sobre Arnaldo Trindade

http://arnaldotrindade.no.sapo.pt/

EDITOR DISCOGRÁFICO DE MÚSICA PORTUGUESA NOS ANOS 50,60,70 E 80 - FUNDADOR DA ETIQUETA ORFEU

Foram tantas, de tão diferentes tipos musicais, as edições que foram da responsabilidade do editor Arnaldo Trindade, desde a década de 50 até à de 80, que nos é impossível mencionar todas, no entanto ficam aqui alguns nomes gravados. Será de salientar que se a Orfeu não tivesse existido, provavelmente,muitos deles nunca teriam saído do anonimato, ou pelo menos algumas das suas obras nunca teriam sido conhecidas, o que teria sido uma perda irreparável para a música portuguesa:

Adriano Correia de Oliveira - José Afonso - Vitorino - Sérgio Godinho - Fausto - Paulo de Carvalho - Carlos Mendes - Fernando Tordo - Maria da Fé - José Cid - Ouro Negro - Raul Indipwo - Teresa Silva Carvalho - Quim Barreiros - Duarte Mendes - Tónicha - Conjunto António Mafra - Samuel - Pop Five Music Incorporated - Arte & Ofício - Conjunto Maria Albertina - José Calvário - Pedro Osório - Florência - Quinteto Académico - Conjunto Pai e Filhos - Padre Fanhais - Júlio Pereira - Luís Cília - Teresa Tarouca - Padre Fanhais - José Jorge Letria - Heinz Worner - Walter Behrend - Trio Los Paraguayos - Lenita Gentil - António Portugal - Conjunto Sousa Pinto - Very Nice - João Braga - Tony de Matos - José Freire (...)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nova

A Nova Companhia de Música é representante das editoras americanas Sire e Buddah, da britânica Stiff, da belga RKM, da holandesa Timeless, entre outras. Está a investir em mais equipamento para a sua fábrica de produção de discos. José Manuel Fortunato comprou a firma em 1977 (ainda se chamava Fono Companhia Industrial de Discos) .

Billboard, 11/10/1980

[António] Sérgio, que nessa altura [1979] estava ligado à Nova, editora discográfica responsável pela distribuição nacional dos catálogos Stiff e Sire, entre outros, «tinha uma fé especial no tandem Paulo Pedro e Pedro Ayres». Para ele, tratava-se de «uma dupla totalmente criativa». O passo seguinte foi convencer Hugo Lourenço, um dos responsáveis da editora, a fazer o disco [dos Corpo Diplomático]. «Estávamos a ter muito êxito com o reportório internacional, em que ele não acreditava muito. Quando ouviu os Ramones pela primeira vez, jurou para nunca mais, mas daí a uns tempos os Ramones não só estavam a vender na rua como a ser compradas por grosso, até pelo Círculo de Leitores.»

Na Nova olhavam para Sérgio «um bocado como se fosse maluco», embora reconhecessem que «havia na maluqueira dele coisas que funcionam». Acabaram por aceitar. António Sérgio seguiu para estúdio na companhia dos músicos e de um segundo produtor, João Henrique, com créditos firmados na área do cançonetismo.

Fernando Magalhães, Público, 14/03/1995

É no final da década de 70, cerca de 1978, que Joaquim Simões da Hora começa o seu trabalho como “classical manager” dos catálogos de música erudita internacional na distribuidora nacional Nova. Nesse período trabalhou com Paulo de Carvalho, António Sérgio, Hugo Lourenço, João Henrique e Fernando Morais, entre outros. Cada um deles com competências idênticas às de JSH, mas em diferentes estilos musicais (Rock, Pop, Música Portuguesa, etc.).

Tese de de Tiago Hora (2010)

Mais tarde, já nos inícios dos anos 80, a Nova viria a ser adquirida pela Dacapo (editora e distribuidora musical alemã), continuando JSH com as funções já exercidas na anterior empresa até a Dacapo cessar funções nos finais da mesma década.

Tese de de Tiago Hora (2010)

As etiquetas da editora eram Danova e Boom. Em 1979, Paulo de Carvalho iniciou actividade como produtor discográfico e A&R nacional, na editora Nova para a qual criou a etiqueta Boom.

Os primeiros discos de Adelaide Ferreira e Manuela Moura Guedes foram gravados para esta editora. O regresso dos Sheiks também aconteceu nesta editora bem como um dos discos de Jorge Palma. Cândida Branca-Flor gravou "Trocas-baldrocas", em 1982, para esta editora.

Paulo de Carvalho, António Sérgio e João Henrique foram alguns dos nomes ligados à editora. Ramon Galarza foi A&R da editora entre 1978 e 1980.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Rádio Triunfo


A EMPRESA RÁDIO TRIUNFO, LDA.,

HISTÓRIA DE UMA AVENTURA

Fundada por Rogério de Seixas Costa Leal, José Cândido Varzim da Cunha e Silva e Manuel Lopes da Cruz, foi constituída no dia 23 de Março de 1946, no Porto, a empresa Rádio Triunfo, Lda., tendo como objectivo único a produção industrial de discos em Portugal. Em 1947, é inaugurada a Fábrica Portuguesa de Discos, que virá a ser a primeira fábrica do género em Portugal. Aí começou o fabrico de discos, ainda numa matéria quebradiça, e com limitações quanto à duração do tempo das gravações.

Graças a esta corajosa e inovadora atitude de construir em Portugal uma fábrica de discos, foi aqui fabricado um significativo número de unidades que até aí tinham de ser importadas. No início da sua actividade, a fábrica da Rádio Triunfo apenas prensava discos de 78 rpm, utilizando estampadores em cobre feitos nos mercados internacionais, utilizando fitas magnéticas gravadas nos estúdios da Emissora Nacional. São inúmeros os exemplos desta colecção gravados no Estúdio A da referida estação de rádio. Recentemente, esteve patente no Museu do Fado, em Lisboa, uma reconstituição deste estúdio. No ano de 1955, a Rádio Triunfo, Lda., abre o primeiro estabelecimento comercial, na Rua de Santa Catarina, em pleno centro da cidade do Porto.

Seis anos mais tarde, a mesma empresa abre o seu segundo estabelecimento, desta vez na Rua de Santo António, também na Cidade Invicta. Lisboa teria de esperar mais um ano para ver nascer, na Rua do Carmo, ao Chiado uma delegação da Empresa-Mãe, com armazém e loja de venda ao público. O ano de 1957 marca uma data importante na história da empresa. É neste ano que se inicia o corte dos acetatos e a produção das matrizes de cobre em Portugal. Em 1969, é gravado o primeiro disco em estéreo, graças a um moderno equipamento topo de gama, adquirido na Suécia.

Em 1970, é criada uma secção dentro do grupo, cuja finalidade é a duplicação de cassetes e cartuchos, suportes sonoros muito em voga na época. Ao longo dos seus 31 anos de existência, a Rádio Triunfo, Lda. ultrapassou o estreito âmbito do mercado nacional, lançando-se na conquista de novos mercados e mantendo durante largos anos um papel de liderança na indústria discográfica portuguesa. No dia 15 de Fevereiro de 1974, a Rádio Triunfo abre, na Estrada da Luz, nº 26 B, em Lisboa, aquele que seria o mais completo e bem apetrechado estúdio de gravação existente em Portugal.

Na segunda metade da década de 80, a Rádio Triunfo foi, seguramente, a mais importante companhia discográfica portuguesa, com uma enorme produção, um vastíssimo catálogo e representante de inúmeras etiquetas, quer nacionais, quer internacionais.

Texto de José Manuel Osório adaptado do livro A Grande Aventura da Gravação, livro elaborado a propósito da comemoração dos 100 anos de Gravação Sonora e realizado por uma equipa de trabalho da Rádio Triunfo, Lda. sob a coordenação de J. A. T. Lourenço da Silva e editado pela referida empresa, em Julho de 1977. Composto e impresso nas oficinas de Gráficos Reunidos, Lda. Um abraço de gratidão a Joaquim Alves de Sousa por ter conservado este documento, permitindo-nos hoje saber das coisas de ontem.

A ETIQUETA ALVORADA

"A etiqueta Alvorada, propriedade da empresa portuense Rádio Triunfo, Lda., existia já na primeira metade dos anos 50. Inicialmente conhecida por Melodia, viu-se forçada a mudar o nome por já existir na Europa um rótulo discográfico com o mesmo nome. Durante vários anos o logótipo foi mudando de cores tendo mantido sempre o mesmo aspecto gráfico.

As primeiras edições Alvorada terão provavelmente atingido quantidades pouco significativas. Tiragens de pouco mais de 1500 a 2000 discos foram construindo com passos seguros aquela que é, provavelmente, a mais significativa etiqueta de discos em Portugal.

Foi no ano de 1957 que a Alvorada publicou o seu primeiro disco de 45 rotações por minuto (rpm). Com a referência MEP 60 001, sai nesse ano um disco de Amália Rodrigues onde canta: Lá Porque Tens Cinco Pedras, com música de João Bernabé de Noronha e letra de João Linhares Barbosa, Fado Alfacinha, com música do guitarrista Jaime Tiago dos Santos e letra de António Feijó, A Minha Canção é Saudade, com música de Joaquim Frederico de Brito e letra de Vaz Fernandes e ainda Quando os Outros te Batem, Beijo-te Eu, com música de Armando Machado e letra de Pedro Homem de Melo. Como nota de curiosidade, aqui fica a informação da edição desta mesma faixa na etiqueta Melodia, no ano de 1952, num disco de 78 rpm, com a referência 37.009. O segundo, com a referência MEP 60 002, editado igualmente no ano de 1957, é também um disco de Amália Rodrigues. Amália canta neste disco os seguintes temas: Cabeça de Vento, Disse Mal de Ti, Tentação e Avé Maria Fadista. Nesse mesmo ano são editados com as referências MEP 60 003 e MEP 60 004, mais dois discos da etiqueta Alvorada. Estes dois discos têm o mesmo título: Fados de Coimbra. Segue-se um quinto disco de Maria Amélia Canossa, com a referência MEP 60 005.

José Manuel Osório
Os Fados da Alvorada

A etiqueta Alvorada

A etiqueta "Alvorada" da empresa portuense "Rádio Triunfo" existia já na primeira metade dos anos 50 como editora de discos de 78rpm. A mesma empresa editava também as etiquetas "Melodia" e "Carioca", esta última dedicada à música brasileira.

Em 1957 a Rádio Triunfo iniciou a edição de discos de vinil 45rpm com a sigla MEP 60 xxx.

João Manuel Mimoso

http://www.historia.com.pt/vinyl/Alvorada/textos/Etiqueta.htm

A Rádio Triunfo foi comprada em 1979 pela Movieplay aos herdeiros de Rogério Leal.

Discófilo

Uma sociedade comercial por quotas de responsabilidade limitada, a Discófilo-Produções Artísticas e Discográficas, Lda., foi constituída entre Antónia de Jesus Montes Tonicha (a cantora Tonicha), João Maria Viegas e José Carlos Ary dos Santos. Com sede na Rua Rodrigues Sampaio, 16-3º, em Lisboa, dedicar-se-á à edição de discos e livros, produção de espectáculos
e também [terá] funcionamento como agência artística.

«Discófilo» tem um capital social de 50 contos, integralmente realizado nos seguintes proporções: Tonicha. 35 contos. Ary. 10, e João Viegas, 5. Único gerente é João Viegas.

Revista Plateia (ver blog de fãs Tonicha)

Discófilo - editora fundada por Tonicha, pelo marido e por Ary dos Santos. Apenas existiu no ano de 1975. A quota de Ary dos Santos foi oferecida ao poeta como prenda de natal.

Lançou discos de nomes como Dalida, Tonicha, Beatriz da Conceição, Ary dos Santos e Vera Mónica. Os discos tinham distribuição da Arnaldo Trindade & Ca. Lda.

João Viegas e Tonicha venderam depois o espólio à Orfeu/Arnaldo Trindade que reeditou alguns dos trabalhos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Chiadofone

[No livro de Paul Vernon] Referem-se também as primeiras evidências de pirataria, como no caso dos discos Chiadofone, que eram na realidade discos prensados por outras companhias mas com um novo logotipo colado sobre o rótulo original.

Jorge P. Pires, Expresso, 02/04/1999

etiqueta portuguesa Chiadofone, que aparentemente se limitaria a colocar o seu selo em discos cujas gravações eram de outras companhias.

Tese de Paula Abreu

O selo discográfico português Chiadofone, encontrado por acaso num site russo nos idos de 2005, circulou no início do século XX e é o mote deste blog sobre música popular brasileira registrada nos chiados dos discos de 76 e 78 rpm.

http://chiadofone.blogspot.com

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CNM

A Companhia Nacional de Música funciona desde 1993 como Editora, Produtora e Distribuidora de fonogramas e videogramas musicais, sendo desde o início dirigida por Nuno Rodrigues. Como Produtora e Editora independente a funcionar no peculiar mercado português, a CNM tem sabido construir um percurso de relevo e que contribuiu mais do que uma vez para a revelação de nomes e projectos de reconhecida qualidade. Beneficiando da experiência de Nuno Rodrigues, que desde a segunda metade da década de 1970 contribuiu decisivamente para a produção e descoberta de novos talentos nacionais e durante as décadas de 1980 e 1990 representou a quase totalidade das “indie labels” neste mercado. Foi ao longo da última década e meia que a CNM passa a representar as mais prestigiadas marcas de Música Clássica, de Ópera e de Bailado: Opus Arte, Arthaus, Euroarts, Naxos, Wigmore, Soli Deo Gloria, Christopher Nupen Films, Capriccio, BR Klassik, TDK, entre outras, verdadeiras referências para qualquer companhia no Mundo.

Com a aquisição da editora Strauss, em 2003, que detinha já o catálogo das extintas Sassetti e Zip-Zip, a CNM veio assim enriquecer de forma substancial o seu catálogo, passando a representar a quase totalidade da obra de Júlio Pereira e trabalhos da Banda do Casaco, de Fernando Tordo, de Luís Cília e de Né Ladeiras, além de muitos outros nomes fundamentais da música portuguesa. Recentemente, organizou edições especiais da obra de Fernando Lopes-Graça, Barata Moura e José Afonso. Também o fado tem sido tratado de forma especial na CNM, que ajudou à consagração de Joana Amendoeira, Ricardo Ribeiro e tantos outros.

No que respeita ao Domínio Público, a CNM foi a primeira companhia a registar a propriedade de obras gravadas das quais se destaca um significativo número de obras de Amália Rodrigues e a prosseguir essa política editorial, com nomes fundamentais quer do nosso património quer dos mais representativos de outras culturas. Nomes como João Gilberto, Jacques Brel, Miles Davis e tantos outros.

A CNM para além de Produtora é Editora e possui no seu significativo catálogo de Publishing, alguns dos mais importantes temas da nossa música, como por exemplo: “ Nem às Paredes Confesso”, “ Foi Deus”, “ Teus Olhos Castanhos” e obras de Freitas Branco.

ecentemente iniciaram a edição de partituras e de alguns manuais oficialmente adoptados como a “Teoria Musical” e “Solfejos de Artur Fão”.

Em Dezembro de 2010, a CNM começou a reeditar os “ Livros que se ouvem”. Não poderia ter iniciado a Colecção de melhor maneira: Fernando Pessoa por João Villaret e Mário Viegas e Jorge de Sena pelo próprio.

http://www.cnmusica.com/pt/editora.aspx

A loja fica na Rua Nova do Almada, em Lisboa.

("Sucedeu à Sassetti e à Strauss, de que herdou a partir de 2003 aquele espaço e espólio de gravações de música portuguesa e de fado" - Discotecas e Lojas de música da Baixa e do Chiado)

Cnm - Companhia Nacional de Música, S.A.

Actividades de Gravação de Som e Edição de Música
Concelho: Lisboa
Início de Actividade: 1993

terça-feira, 28 de junho de 2011

Marfer


Grande Feira do Disco era uma discoteca muito especial. Era um misto de pimba (como agora se diz) e de discos de referência (como agora também se diz).

Mas não se limitava à edição nacional. Possuía a sua própria etiqueta - Marfer - e representava e importava muitas outras.

Foi criada em 1960 por José Barata, irmão do Barata da Avenida de Roma (Lisboa), onde a malta encontrava os livros, as revistas e até os discos proibidos. O Barata tinha-os sempre escondidos debaixo do balcão à espera do cliente certo.

(Acho que este é um pormenor pouco conhecido, o da Grande Feira do Disco ser Barata).

Por isso, também a Grande Feira do Disco sabia o que fazia, tornando-se no entanto muito mais abrangente (também é um termo de agora) para atingir todo o tipo de públicos.

Tinha lojas no Porto, Coimbra, Viseu, Alcobaça e Cascais. Em Lisboa, ficava na Rua do Forno do Tijolo, 25-C.

Vejam lá a quantidade de etiquetas que a Grande Feira do Disco representava. OK, a grande maioria tinha um catálogo duvidoso, para não dizer medíocre (do meu ponto de vista): Vergara, Musidisc, Visadisc, Alma, Marbella, Phttp://www.blogger.com/img/blank.gifercola, Bel Air, Kapp, Metro, Discophon, Vega, Time, Ekipo, RGE, Custon, Monitor, Liberty, Atlantic, Clarion, Panorama, Request, Universe, Vox, Blue Ribbon, Forum, Ricordi, Cetra, Pye, Berta, Golpix, Halo, Seeco, International e Alegria.

E agora vejam lá a lista de artistas que gravavam para a Marfer. Só cito os mais conhecidos (ou os que eu conheço), já que ele é numerosa:

Artur Garcia, Ada de Castro, Celeste Rodrigues, Manuel de Almeida, Maria José Valério, Deolinda Rodrigues, Moniz Trindade, Argentina Santos, Tristão da Silva Jr., Daniel Bacelar, Claves, Fernando Maurício e Victor Gomes.

LT
http://guedelhudos.blogspot.com/2007/10/grande-feira-do-disco-era-barata.html

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Tecla

Fundador da editora Tecla e Jorsom, Jorge Costa Pinto fez em Londres cursos de captação de som, corte de acetatos, galvanoplastia e prensagem. Tem no currículo de engenheiro de som dezenas de gravações.

A - Edita os seus próprios discos?

JCP - No rescaldo da Tecla, criei a Jorsom onde edito coisas minhas, música clássica portuguesa e bandas militares portuguesas. Gravo obras de grandes compositores portugueses que nunca ninguém gravou. Tenho esta mania de preservar as nossas coisas.

A - E o que aconteceu ao espólio da sua editora Tecla?

JCP - Vendi-o Tinha obras importantes de grandes autores. Comecei em 1967, com um disco do João Maria Tudela e outro da Florbela Queiroz. Depois editei a Madalena Iglésias, numa altura em que trabalhava como arranjador para outras editoras. Foi então que fiz os arranjos de um disco para a Philips, com o Carlos do Carmo. Foi o 'Por Morrer uma Andorinha'. Depois ele veio para a Tecla e gravámos 'Gaivota' que ganhou logo um prémio. Seguiu-se o 'Canoas do Tejo'. Na Tecla também gravámos a 'Pedra Filosofal' do Manuel Freire e a 'Tourada' do Fernando Tordo. O Ramiro Valadão não queria nem por nada que a canção fosse ao festival da RTP, mas eu impus a presença do Tordo.

A - Como acabou a Tecla?

JCP - Eu acreditei 100% no 25 de Abril e como era 100% socialista decidi fazer uma fábrica de discos, para não ficarmos nas mãos das multinacionais. Montei a fábrica em Rio de Mouro, em pleno Verão Quente de 1975. Estava tudo a correr bem e em 1976 meti um director comercial na empresa e fui fazer trabalhos para a África do Sul. Quando regressei estava tudo destruído. Paguei as dívidas e acabou-se. Vendi todo o repertório da Tecla.

A - Agora qual é a sua principal actividade?

JCP - Os discos da Jorsom não são comerciais, por isso tenho de trabalhar mais que nunca. Trabalho sobretudo como orquestrador e arranjador e tenho trabalhado com coros amadores. A convite de Joaquim Luís Gomes estou a dirigir a Orquestra Típica Scalabitana. Reorganizei a minha orquestra de jazz e lá vamos indo.

Entrevista Revista Autores (Abril/Junho 2004)

JORSOM

Empresa dedicada à divulgação musical possuindo um estúdio de gravação. Esta empresa tem à sua frente o reputado maestro Jorge Costa Pinto, reconhecido profissional dentro e fora de Portugal. A Jorsom dedica-se também à venda de pianos Baldwin, partituras musicais, CDs Audio, software e livros musicais (entre outros). Consulte o nosso site para obter mais informações.

http://www.jorsom.com.pt

Jorsom Audio Visual, Lda.

Actividades de Gravação de Som e Edição de Música

Concelho: Lisboa
Início de Actividade: 1976

domingo, 5 de junho de 2011

Strauss

Strauss ressuscita fundo de catálogo Sassetti

Setecentas fitas «masters», cerca de dez mil títulos, mais uns quantos milhares de partituras impressas. Uma inteira história da música, sobretudo da portuguesa, que estava votada ao pó nos arquivos da Sassetti. Não está mais, porque a Strauss comprou tudo e propõe-se fazer a campanha de reedições mais cuidada de sempre em Portugal. A Strauss comprou, em 1991, o catálogo Sassetti. Seria uma transacção comercial normal, não fora este «pormenor»: a casa Sassetti existia desde 1848 e por lá passaram alguns dos maiores artistas portugueses dos últimos 150 anos.

É um património musical de valor inestimável, uma inteira fatia da história da cultura portuguesa. Mas a Sassetti foi também uma das empresas vítimas do 25 de Abril, altura em que entrou em regime de autogestão que conduziria ao seu colapso comercial. Alguns artistas, como Sérgio Godinho, Fausto e José Mário Branco tomaram depois a iniciativa de recuperar o material que haviam gravado para essa produtora, tendo em vista a sua reedição em CD. Foram, todavia, iniciativas pontuais e o grosso do riquíssimo património da Sassetti ficou bastante votado ao esquecimento ao longo de toda a década de 80.

A Strauss acabou por comprá-lo por uma cifra que o seu sócio-gerente, Armando Martins, não quer quantificar, quando o negócio foi feito segundo um complexo arranjo de passivos e activos. Armando Martins nem sequer sabia ao certo o que estava a comprar e ficou bastante surpreendido quando foi informado de que, para além das fitas gravadas, era também proprietário de um dos maiores, talvez o maior, espólio de música impressa de Portugal. Agora estas pilhas de partituras, algumas das quais estiveram para ser queimadas à falta de lugar para as guardar, irão voltar a ver a luz do dia, estando prevista a abertura de espaços apropriados à sua venda, nas lojas Strauss.

A disponibilidade do espaço de venda é, de resto, uma das grandes razões que levou Armando Martins a adquirir a herança Sassetti.

Profissional do ramo há 25 anos, tem hoje uma cadeia de lojas de produto acabado, conferindo-lhe ramos de canalização e a possibilidade de relançar um catálogo que estava quase condenado. Quando comprou, no entanto, foi com outras preocupações que a do lucro imediato. De algum modo, o que ele queria era ter aquilo, e até comentou que não se importava de o levar para a tumba. Claro que a ideia não era bem essa, mas que para reeditar mal era preferível não reeditar.

A sua preocupação passou então a ser a de encontrar o homem certo para o trabalho, alguém com suficiente conhecimento e o gosto pelo catálogo Sassetti para o fazer devidamente ressuscitar. Os seus contactos levaram-no então até Hermenegildo Gomes, profissional de rádio há 31 anos, actualmente aos microfones da RDP. Hermenegildo era, para usar as suas próprias palavras, um dos eleitos da Sassetti, uma visita obrigatória sempre que um disco se lançava nessa companhia, mesmo depois do 25 de Abril. Está agora e de há um ano a esta parte a retrabalhar o seu património, secundado pelo músico Carlos Dâmaso, sobre quem recai a tarefa de recuperação e reprocessamento digital das fitas. Têm muito trabalho pela frente. Não será tudo para relançar em CD, mas, segundo estima Armando Martins, o catálogo Sassetti inclui qualquer coisa como 700 fitas «masters», totalizando cerca de dez mil títulos.

A filosofia dos relançamentos em CD, já posta em prática nos títulos lançados de Manuel Freire e José Afonso, é que os discos venham acompanhados de notas biográficas e de contextualização histórica dos registos originais. É uma excepção à regra das reedições geralmente descuidadas que domina o mercado da nossa nostalgia, como não é menos inusitado o princípio de contactar os artistas que rubricaram essas gravações, antes de transpor para CD. Como se sabe, a maior parte dos contratos estabelecidos entre os artistas e as produtoras fonográficas em Portugal, sobretudo antes dos meados dos anos 80, não previam a hipótese da sua renegociação em caso de reedição. Daí decorre que, na maior parte dos casos, os artistas em causa, sendo só intérpretes, ou não auferindo de direitos de autor, vêem hoje os seus trabalhos reeditados sem receberem por isso qualquer contrapartida monetária. Como nos confiou Hermenegildo Gomes, se certos artistas Sassetti recebessem segundo a tabela de antigamente, teriam hoje direito a qualquer coisa como 19 escudos por reedição. Daí a estratégia da Strauss de renegociar com os artistas, propondo nomeadamente a actual regravação de temas antigos e a sua inclusão nas reedições deste últimos, como já aconteceu com Manuel Freire e «Pedra Filosofal». Outra táctica consiste em estabelecer novos contratos com artistas que fizeram carreira na Sassetti para o efeito de lançamentos de discos de inéditos, e é assim que esta semana surge na Strauss «Cantos D'Antiga Idade», de Pedro Barroso.

Luís Maio, PUBLICO, 15/02/1994


A Strauss detinha o catálogo das extintas Sassetti e Zip-Zip. Em 2003 foi adquirida pela CNM.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sassetti

TV- Disco falado Uma redacção muito especial

Tudo mudara, de repente, e nós com tanta coisa para gravar, para dizer, e sem antena para o divulgar. Para ser mais rigoroso: sem atinar ainda com a forma como nos haveríamos de situar na ordem radiofónica emergente. Só assim se poderá entender, à distância de 20 anos, como foi possível esta bizarra opção por nos organizarmos em mini-redacção com a tarefa de registar em disco algumas das transformações que a revolta do Movimento dos Capitães anunciava. O lógico seria, naturalmente, mergulhar no afã jornalístico das novas redacções, libertas enfim do olhar prévio dos censores governamentais, e para elas canalizar todas as reportagens efectuadas. Foi isso que começámos por fazer, naquele início de Verão de 1974. Num ápice, porém, a Emissora Nacional, estação oficial desde 1935, passou de porta-voz do regime de Salazar e Caetano para porta-voz dos militares e de comunistas e socialistas, as duas grandes forças que de imediato se posicionaram nos lugares-chave da empresa. No Rádio Clube Português (RCP) -- transformado por exigência do plano de operações de Otelo Saraiva de Carvalho e companheiros no «Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas» --, eram os militares e a Assembleia Geral de Trabalhadores quem definia as prioridades. Enquanto isto, na Rádio Renascença -- o espaço jornalístico radiofónico mais «liberal» no período marcelista mas onde a montagem das nove horas de gravação dos acontecimentos militares do dia 25 de Abril só pôde passar dois dias depois -- multiplicavam-se os confrontos entre administração e trabalhadores e destes entre si. Compreende-se, num tal panorama político-profissional, que as três emissoras tenham virado a sua atenção, quase em exclusivo, para o terreno institucional e para a cobertura exaustiva de plenários, ocupações, conferências de imprensa, e que esse facto as levasse a distraírem-se demasiado com o lado «événementiel» (e portanto conjuntural apenas), do que se passava no continente e nas colónias.

Juntemos a estas vicissitudes próprias do pós-25 de Abril a existência, na Sassetti, de uma prestigiada colecção de Disco Falado em cujo catálogo figuravam não apenas os inevitáveis discos de poesia, como também gravações de textos em prosa e, até, de uma mesa-redonda -- eis as razões pelas quais um pequeno grupo de homens da rádio resolveu dedicar-se, em paralelo à sua actividade profissional, a um trabalho de registo, em vinil, do «Diário da Revolução».

Adelino Gomes, Público, 15/02/1994

Não surgiram no local outros meios de captação de som até ao final da tarde, o que me proporcionou o privilégio de ter podido obter sete horas de documentos sonoros da Revolução doa Cravos, que mais tarde montei num condensado de cerca de duas e meia que cedi à Rádio Renascença para difusão na noite de 26 e madrugada de 27, sob a condição de nada ser alterado, truncado ou eliminado - o que a RR respeitou.

Durante essa transmissão, fui contactado telefonicamente pelo Dr. Alberto Ferreira, director da Divisão do Disco Falado da editora Sassetti, que me propôs a edição da reportagem em disco documental. Pus-lhe as mesmas condições a que obrigara a Rádio Renascença, que aceitou e respeitou também, constituindo a montagem final que fiz sobre os acontecimentos aquilo que entendi estar deontologicamente correcto e respeitar a verdade.

Assim nasceu o disco "O dia 25 de Abril - Diário da Revolução 1974", cujo direito de edição cedi à Sassetti para uma tiragem de 2.500 exemplares, por acordo a chegarem a público com um preço inferior a 180$00, de modo a que fossem acessíveis a todas as camadas de público.

Este é um dos trabalhos de que mais me orgulho de toda a minha carreira como jornalista, sinto-me feliz por poder ter estado no centro dos acontecimentos em data tão significativa, ter encontrado as parcerias que tanto valorizaram o trabalho e ter podido garantir ao património histórico do país um relato dos acontecimentos vivido no local e no momento em que
aconteceram.

Pedro Laranjeira

Entrevistas a nomes como Vasco Santana, Jaime Cortesão, José Gomes Ferreira,

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Livro de Paul Vernon

TEM a pose fadista de Argentina Santos na capa, um título amplo - mas não totalitário - e uma breve introdução à História de Portugal, não de todo isenta de alguns erros de cronologia. É o novo livro do britânico Paul Vernon, que também já publicou Ethnic and Vernacular Music, 1898-1960 (Greenwood Press, 1996) e o pequeno opúsculo Lines that Rhyme with Everyday Life (Minerva Press, Outubro de 1998).

Representa, para o autor, o culminar de uma longa paixão de dez anos, iniciada pela descoberta - em 1987, numa loja de discos em segunda mão de San Francisco - de uma colecção de discos de 78 rotações cujos sons o deixaram particularmente excitado. Era o fado.

Embora Vernon adiante que as suas conclusões sobre a matéria são aqui oferecidas «não como a palavra última e definitiva sobre este assunto mas antes como o relatório intermédio de um trabalho ainda em desenvolvimento e a introdução a um mundo que, espero eu, fascinará os leitores tanto como me fascinou a mim», à primeira vista parece ressaltar como evidência que esta «história do fado» é obra de um amador, senão de um curioso. Está recheada de lugares-comuns, das obrigatórias citações de Rodney Gallop (já que se parte do princípio de que «a Lisboa que Gallop encontrou em 1931 era essencialmente a mesma que Maria Severa conhecera um século antes») e de outros britânicos em percurso alfacinha. Os dois capítulos iniciais (respectivamente dedicados às «Origens» e aos «Instrumentos») são súmulas tão sumárias que se tornam confrangedoras - em especial porque, quando comparados com o volume de fontes e de documentos citados na bibliografia, permitem alimentar a suspeita de que o autor terá naufragado, sem bússola, nesse imenso oceano de informação e de que só a muito custo nós próprios conseguiremos sobreviver aos quatro capítulos seguintes (sobre «Lisboa», «Porto e Coimbra», «A Indústria Fonográfica» e «A Diáspora»).

Mas, entre a evocação da saudade, dos poetas-fadistas, de Pessoa e de outros vultos desaparecidos (como Adelina Fernandes, Armandinho, Estêvão Amarante, Artur Paredes, António Menano e, claro, Amália Rodrigues), o autor consegue sair de forma relativamente airosa desta refrega. Em boa parte isso deve-se às suas anotações sobre o aparecimento e a implantação da indústria discográfica em Portugal, conseguidas pelo recurso à consulta dos arquivos de correspondência da companhia His Master's Voice (antepassada da actual EMI). Surge assim um quadro assaz interessante da competição industrial (primeiro entre a Odeon inglesa e a Pathé francesa) que norteou a produção fonográfica europeia durante as primeiras décadas do século e do modo como ela comandou a selecção, produção e edição dos novos artistas e repertórios: «Os anos entre 1904 e 1925 foram um período de particular abertura e liberdade para a indústria portuguesa de discos. Os artistas ganhavam alguns escudos por cada lado gravado, nunca lhes sendo oferecidos contratos de edição com percentagem de 'royalties'.»

Referem-se também as primeiras evidências de pirataria, como no caso dos discos Chiadofone, que eram na realidade discos prensados por outras companhias mas com um novo logotipo colado sobre o rótulo original. Perante esta situação, «a companhia francesa Simplex integrou um dispositivo antipirataria no início de cada disco. Uma voz masculina gritava 'Discos Simplex!' antes do início da música, para que não restassem dúvidas sobre a origem da gravação». Esta e outras curiosidades, como a guerra comercial entre empresas de Lisboa e do Porto pela concessão em exclusivo da distribuição de discos e grafonolas britânicos em todo o território nacional - e mesmo cópias de alguns contratos -, constituem de facto o melhor desta obra e a primeira razão para a sua consulta.

Uma segunda razão é o CD oferecido, que contém uma compilação de 24 fados registados entre 1911 e 1944, incluindo raridades como um instrumental do célebre guitarrista Armandinho (1929); Adelina Fernandes (a cantora mais bem paga do seu tempo) interpretando «Fado Penim» (1928); dois temas de José Joaquim Cavalheiro e Carlos Leal, fadistas do Porto; diversas gravações coimbrãs pelas vozes de António Batoque, Edmundo de Bettencourt, António Menano e Paradela de Oliveira ou com a inconfundível guitarra de Artur Paredes; e mesmo duas gravações de fado produzidas no Rio de Janeiro em 1933/34.

Apesar de tudo isto, o preço da obra (12.000$00) é exagerado, em especial se pensarmos que a sua produção foi apoiada financeiramente pelo Ministério da Cultura e pela Associação Luso-Britânica Portugal 600.

JORGE P. PIRES, Expresso, 1999

terça-feira, 19 de abril de 2011

BMG


A RCA, que em Portugal é reresentada pela Polygram, aguarda brevemente a chegada do grupo Ariola conforme acordo internacional celebrado no ano passado entre a RCA e a Ariola.

Assim a Ariola deixará a sua actual casa em Portugal, a Dacapo, passando para a RCA/Polygram.

Blitz, 04/02/1986

BMG (Bertelsmann Music Group) foi uma das seis divisões da empresa alemã Bertelsmann, formada em 1987 para englobar as actividades relacionadas às gravações musicais da empresa

wikipedia

A BMG Ariola Portugal iniciou as suas actividades em 1989. No ano seguinte convidaram Tozé Brito para Director da empresa. Obtiveram grande sucesso com nomes como Delfins, Sitiados, Resistência, UHF, Santos & Pecadores, etc...

Tozé Brito deixou a empresa oito anos depois quando lhe exigiam a liderança do mercado. Após a sua saída a empresa decresceu bastante acabando por dispensar a maior parte dos artistas contratados.

A BMG acabou por ser incorporada na Sony.

noticia de 1998

A agenda BMG para a segunda metade de 98 promete prioridade absoluta ao catálogo nacional. Depois de, ao longo do primeiro semestre ter lançado álbuns de Flak (a estreia a solo do guitarrista dos Rádio Macau), Fernando Cunha (também num primeiro disco a solo, o guitarrista dos Delfins), Luís Represas (o primeiro álbum para a editora do ex-Trovante), Delfins (numa compilação com versões em castelhano) e Ovelha Negra (disco do novo projecto de Paulo Pedro Gonçalves), a BMG tem agendada para a segunda metade de 98 um total de 11 propostas em português.

Ainda este mês será lançado o primeiro disco dos Tsé Tsé, um novo projecto na área da pop. Igualmente perto está o álbum de estreia de Jorge Rocha (sem as Lipstick) para a BMG. "Uma primeira experiência da companhia nesta área", disse ao DN Tozé Brito, não escondendo alguma expectativa sobre este lançamento em concreto.

Em Julho será a vez de uma outra estreia, a das Baby, nas palavras de Tozé Brito, "uma versão actualizada das Doce, que não são pimba"... Também em Julho, será lançado o segundo álbum dos portuenses DR Sax. Um dos discos mais aguardados neste cardápio dadas as interessantes pistas de 0670. Os Caravana, projecto pop do guitarrista que acompanha os Delfins em palco, terão direito a estreia antes da pausa de Agosto.

Depois das férias, em Setembro, serão editados discos dos Entre Aspas (o quarto álbum de originais do grupo, a ser produzido por Flak), de Gil do Carmo e um disco de baladas de Adelaide Ferreira que inclui um dueto com Dulce Pontes (Papel Principal).

Um novo álbum dos Santos e Pecadores constitui o programa das festas de Outubro. E, em Novembro, será finalmente editado o álbum a solo de Miguel Ângelo, vocalista dos Delfins. Disco forçado a sucessivos adiamentos desde 1995, será totalmente regravado, já que todas as fitas nas quais em tempos Miguel Ângelo trabalhou serão arquivadas. Em dúvida está, segundo confidenciou Tozé Brito, a própria inclusão da cover de E depois do Adeus no alinhamento do disco. O ano fecha com chave de ouro, em Dezembro, com o álbum que assinalará a reunião dos Rádio Macau.

Dn, 24/06/1998

noticia de 2004

O director de marketing da BMG, Nuno Robles, é dos mais confiantes em relação aos próximos tempos: "A música vai sempre existir e vamos adaptar-nos ao mercado. Temos de lutar. O futuro não é deprimente, é um desafio, não é nenhum poço." A BMG, diz, não despediu ninguém nos últimos meses, porque previu o que vinha aí - "Fizemos uma reestruturação há três anos, pelo que a crise está a afectar-nos um pouco menos". O que chama uma "estrutura mais saudável" é mantida por 10 pessoas (eram 20). Com uma quota de 6 por cento, a BMG espera um "maior dinamismo no mercado com os festivais Rock In Rio-Lisboa e Super Bock Super Rock".

JOSÉ J. MATEUS / Público, 02/05/2004

B. M. G. Ariola - Actividades Audiovisuais, Lda.
Discos de Música - Editores
Jardim Malmequeres, 9 - Pontinha
1675-000 Pontinha Lisboa

http://www.nossoportugal.com/empresa-52404/b-m-g-ariola-actividades-audiovisuais-lda.html

segunda-feira, 18 de abril de 2011

CBS

Multinaciona discográfica CBS vai instalar sucursal em Lisboa

A companhia norte-americana CBS, uma das maiores empresas discográficas do mundo, projecta instalar uma sucursal em Lisboa em meados do ano - soube ontem a ANOP de fonte do sector.

Até há meses esta firma com sede em Nova Iorque esteve representada pela Rádio Triunfo, de capitais portugueses, mas uma falta de entendimento entre as duas partes fez com que não fosse renovado um contrato celebrado há muitos anos.

A «CBS Records» é uma divisão do grupo Columbia Broadcasting System que também possui a segunda maior cadeia de televisão dos Estados Unidos e interesses nas indústrias do cinema e rádio e de material de som e imagem.

CBS, Columbia e Epic são as suas marcas principais, além de distribuir produções alheias como as do grupo STAX, de Memphis, e do seu catálogo fazem parte algumas das maiores estrelas dá música popular, de Bob Oylan e dos Simon and Garfunkel a grupos da nova geração.

Em 1975 possuía 25 filiais no estrangeiro e representações em 17 países.

Segundo fontes de sector o seu volume de negócios no mercado discográfico português atingia há um ano cerca de 1500 contos por mês, importância que poderá ser significativamente aumentada se a sua sucursal adoptar uma gestão de catálogo mais agressiva que a sua antiga representante.

A Rádio Triunfo, ligada aos estabelecimentos Melodia e à Rádio Renascença, foi comprada em 1979 aos herdeiros de Rogério Costa leal, o nortenho seu administrador de dezenas de anos, por um empresário que também possui a Movieplay e interesses no ramo das cassetes.

A firma portuguesa, apesar de ter perdido a CBS, continuará a trabalhar com outro importante grupo discográfico norte-americano, designado internacionalmente por WEA, as inciais daquelas que são com a Reprise as principais etiquetas: Warner, Elektra e Atlantic.

A CBS será a segunda multinacional do sector a instalar-se directamente em Portugal, depois da Polygram, do grupo Philips (a Valentim de Carvalho também tem ligações profundas a um grupo sediado em Londres - a EMI),

A CBS poderá desta forma resolver um problema até agora sem solução - o da aplicação das verbas de «copyright» (direitos de edição) cuja transferência não é, a partir de certa percentagem, autorizada pelo Banco de Portugal.

Diário de Lisboa, 07/01/1981

A CBS instalou-se em Portugal no início da década de 80.

Em Portugal, editou discos de Lena d'Água, Dulce Pontes, Ana Faria e Paulo Gonzo, entre outros. Actualmente aposta em novos grupos como os Adiafa, assim como relançou Paulo Gonzo e criou parcerias externas para, na senda do sucesso outrora alcançado, continuar a dedicar alguma atenção à música portuguesa.

Originalmente chamado CBS Records, foi fundado em 1898, e comprado pela japonesa Sony em 1988. É um dos quatro maiores conglomerados de gravadoras do mundo junto com a Universal Music Group, EMI e Warner Music Group, sendo atualmente a segunda maior.

Em 2004 a Sony Music fundiu-se com a gravadora BMG criando a Sony BMG Music Entertainment. Em 2007, a Sony comprou a parte que cabia ao grupo Bertelsmann, e acabou com o conglomerado voltando ao nome "Sony Music".

Wikipedia

Quando, em finais dos anos 80, chegou a integrar as brigadas da GNR e andou pelas feiras do País inteiro atrás da cassete pirata a ajudar as autoridades a distinguir as verdadeiras das falsas, João Afonso, à data funcionário da famosíssima CBS (Bob Dylan e Cheap Trick, entre outros) – em Portugal representada pela Rádio Triunfo –, ainda estava longe de adivinhar que a pirataria pudesse vir a ser responsável por uma crise tão grave na indústria.

Há dois anos, João Afonso foi convidado a rescindir com a Sony Music, sucessora da CBS. A companhia que se fundiu com a BMG despediu 15 pessoas em 2004, mais dez no início de 2005 e fechou, entretanto, o seu armazém em Portugal. João Afonso que desempenhava o cargo de director de marketing estratégico para as compilações jazz e world music foi apanhado na onda.

http://www.myspace.com/oksav/stream

Sony Music Entertainment Portugal, Sociedade Unipessoal, Lda
Rua Prof Jorge da Silva Horta, Nº 1, 2º
1500-499 LISBOA

http://www.sonybmg.pt

NIF 501994963
CAE 18200

Início de Actividade: 1988
Actividade - Reprodução de Suportes Gravados

http://www.linkb2b.pt/empresas/sony-music-entertainment-501994963.php

domingo, 10 de abril de 2011

Dacapo


(...) já nos inícios dos anos 80, a Nova viria a ser adquirida pela Dacapo (editora e distribuidora musical alemã), continuando Joaquim Simões da Hora com as funções já exercidas na anterior empresa até a Dacapo cessar funções nos finais da mesma década.

Na Dacapo, entre as diversas responsabilidades que conciliou, foi responsável pelas primeiras prensagens em Portugal dos discos da Erato, contribuindo para o enriquecimento e desenvolvimento do mercado discográfico nacional, num período em que os catálogos internacionais de música erudita eram ainda muito raros e de difícil comercialização no nosso país.

(...)

À representação e distribuição dos discos da Erato juntou-se também a da Virgin Classics (já em formato CD), introduzida pela primeira vez no mercado nacional. No entanto, a Dacapo viria também a terminar em meados de 1987.

Tese de de Tiago Hora (2010)

In the 1980s, Arista and Island Records licensed selected works to the Dacapo company for manufacture and distribution in Portugal. The extent to which these labels are featured on releases varies. Filing releases under both Dacapo and the other label is permitted.

http://www.discogs.com/label/Dacapo

António Sérgio era A&R da editora. A Dacapo era representante de editoras como a Island (U2, Bob Marley, Cat Stevens,...), ZTT (Propaganda, Frankie Goes To Hollywood,...) ou Hansa (Modern Talking,...) com que obtiveram bastante sucesso. Em termos de catálogo nacional chegou a ter nomes como Paco Bandeira, Rodrigo, Maria Guinot ou António Sala.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Universal / Polygram / Phonogram

Origem e evolução

A Polygram Portugal teve a s/ origem na Philips Portuguesa e começou por ser o Departamento de Musica daquela Organização. A Empresa foi oficialmente constituída em Julho de 1974 c/ a designação social de Phonogram Portuguesa - Música e Video, SARL. Em Dezembro de 1978 alterou a designação social para Polygram Discos, SA.

Em Julho de 1996 voltou a alterar a designação social para Polygram Portugal - Som e Imagem, SA.

Em Julho de 1999, como resultado da s/ aquisição pelo Grupo Seagram, passou a chamar-se Universal Music Portugal, SA.

A Companhia desenvolve, em Portugal, actividades de edição, comercialização e distribuição de musica e vídeo, telemarketing e publishing.

Factos relevantes

Foi a primeira Editora discográfica em Portugal a investir em televisão em compilações c/ a famosa etiqueta POLYSTAR.

Foi também a primeira Editora em Portugal a investir em televisão em MÚSICA CLÁSSICA c/ LUCIANO PAVAROTTI.

Foi igualmente a primeira Editora em Portugal a criar e editar também c/ campanha de televisão projectos infantis, tais como: Avô Cantigas e Fungaga da Bicharada.

Foi ainda a primeira Editora a lançar discos das séries televisivas, nomeadamente: Heidi, Pipi das Meias Altas e Abelha Maia.

Com três presenças no Grande Festival da Eurovisão - Adelaide Ferreira, Gemini e Doce, esta foi a Companhia que apostou forte na Música Portuguesa e que descobriu e lançou nomes como: Green Windows, Cocktail, Gemini, Doce, Taxi, Herois do Mar, Dino Meira, Eugénia Melo e Castro, Trabalhadores do Comércio, Banda do Casaco, Afonsinhos do Condado, Rão Kyao, Paulo Bragança, Jorge Palma, Pedro Abrunhosa, Excesso e tantos outros.

Esta foi ainda a Empresa que consagrou entre outros nomes como: Francisco José, Carlos do Carmo, Carlos Paredes, Paulo de Carvalho, Tonicha, Jafumega, Quinta do Bill, Sérgio Godinho, Trio Odemira, Maria João, Maria João Pires, Xutos e Pontapés, Cândida Brancaflor, António Pinto Basto, Fernando Machado Soares, Luis Goes, Frei Hermano da Câmara, Manuel de Almeida e Teresa Tarouca.

Site Universal (2001)
http://www.umusic.pt/historia.htm

A Universal Portugal é uma das grandes editoras musicais do nosso país. Corresponde ao ramo português da empresa Universal Music, mas a sua história começou em 74, sob o nome de Phonogram Portuguesa.

Até ao ano passado, era conhecida como Polygram – nome adoptado em 78, e foi responsável por grande parte dos êxitos nacionais dos últimos vinte e poucos anos – desde o Avô Cantigas, ao Jorge Palma, passando pelas Doce. Entrevistámos Tozé Brito, o director da Universal Portugal, que nos pôs a par da actividade da editora.

A Universal Portugal é responsável pela produção do trabalho de artistas nacionais tão diferentes como Iran Costa e Mário Laginha e Maria João ou Dulce Pontes e a Fúria do Açúcar. Como é gerida a relação que mantêm com estes músicos, tão distantes entre si?

É gerida de uma forma profissional, onde não há espaço para qualquer tipo
de censura estética. Tal como noutras companhias conviveram artistas como
Amália Rodrigues e Marco Paulo e aqui, na Universal, artistas como Dino
Meira e Sérgio Godinho, continuaremos a pautar a nossa política de A&R por
critérios que, repito mais uma vez, não admitem qualquer tipo de censura
estética.

São também responsáveis pela divulgação de estrangeiros altamente conceituados. Falo de Caetano Veloso, Diana Krall, Beck e U2, entre muitos outros. Isso deve-se ao facto de funcionarem como a "filial" portuguesa de uma "mega-produtora"? Como funciona essa relação?

Obviamente que o facto de representarmos os artistas citados, é reflexo de
sermos o ramo português da Universal Music. Como em qualquer multinacional
artistas como os referidos são lançados internacionalmente em todos os países
onde a companhia opera e a relação estabelece fundamentalmente através dos
respectivos departamentos de Marketing.

Quais foram, em Portugal, os três maiores êxitos do ano passado - tanto a nível de nacionais como de estrangeiros?

A nível nacional os três maiores êxitos de Artistas da Universal no ano
passado foram Silence 4, Ornatos Violeta e Luís Represas.

A nível de artistas estrangeiros, U2, Limp Bizkit e Enrique Iglésias.

Relativamente a este ano, que novidades tem a Universal vindo a preparar para Portugal?

Lamento não vos poder adiantar nada a este respeito já que decorrem
presentemente várias negociações e não temos ainda, a nível internacional o
mapa de lançamentos para este ano completo. Ainda antes do Verão iremos
anunciar um "pacote" de novas contratações nacionais que, penso, darão a
conhecer a nova política de A&R da nossa companhia.http://www.blogger.com/img/blank.gif

A título mais pessoal, que cinco discos acha imprescindíveis a qualquer boa discografia?

É me impossível, sob pena de necessariamente excluir muitas obras que
considero obras primas, seleccionar apenas 5 discos imprescindíveis a qualquer
boa discografia. Da música clássica ao jazz, da pop ao rock, do rap ao
hip-hop, necessitaria de uma extensa lista para seleccionar apenas alguns dos
cerca de 2000 CD's que constituem a minha discografia pessoal.

Canal Música (Portal Netc), 25/01/2001

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Zip-Zip

Começou sob os melhores auspícios. Ficou-se lá por cima durante muitos meses: tantos quanto durou o melhor programa ao vivo da nossa televisão. Chegou, mesmo, a aguentar-se durante mais algum tempo. Depois foi a queda. Lenta, mas segura, como se tudo estivesse impecávelmente previsto, como se a perda de qualidade pudesse ser tão previsível quanto o são as coisas verdadeiramente previsivels. E o Zip veio por aí abaixo, sem que nada lhe pudesse valer. Sucederam-se as substituições de gerência. Vasco Morgado chegou, até, a ser patrão da casa.

Da primitiva equipa saem, sucessivamente, Carlos Cruz e Fialho Gouveia. Raul Solnado, dos três o que menos tempo tinha para se dedicar à empresa, é o único que. continua a aguentar-se no naufrágio e de repente a noticia surge inesperada para a grande maioria das pessoas, se não mesmo para todas: A Sassetti comprara o Zip.

O tempo foi passando. Agora já toda a gente sabe da ligação Zíp-Sassetti, do mesmo modo que muita gente contínua a ouvir o «programa» «Tempo Zíp».

sabendo-o apoiado pela empresa que comprou a organização que foi da tripla Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia. Mas... o que é, actualmente o Zip-editora-de-discos? Foi para saber isso que mantivémos uns momentos de conversa como homem que está à frente da produção: João Viegas.

ASSOCIAÇÃO

«Zip-Sassetti é, apenas, uma organização com a mesma direcção. A produção Zip não tem nada a ver coma Sassetti.»

João Viegas, que já estava no Zip antes da «grande modífícação», começou logo assim, para que não subsistissem dúvidas. E continuou com a mesma medida:

«Associado à Sassetti, e dado que esta última se tem dedicado desde sempre a um certo sector de artistas. Zip, como editora de discos, tem oportunidade de ser uma etiqueta mais popular, mais aberta ao «pop», ao Fado e ao folclore.

Isto não invalida, de modo nenhum, que qualquer artista que ainda esteja ligado ao Zip, como o Ruy Mingas e o José Barata Moura, por exemplo, não tenha um tratamento muito sério, como, aliás, o justifica o valor que eles têm e o Interesse que merecem.»

Estávamos, já, a falar de nomes. Mas João Viegas ainda queria dizer-nos que: «É muito válida (e acredito muito nela) a ligação das duas empresas. Lá fora também acontece assim, cria-se uma organização e distribuem-se os tipos de música por várias etiquetas. Conheço um caso em Espanha ... »

E João Víegas. falou-nos da etiqueta Accíón, que chega ao ponto de entregar a distribuição dos seus discos por várias outras editoras, como a Belter e a Movieplay.

«É por isso que eu acho que a associação Zip-Sassetti vai resultar muito bem».

NO LUGAR

«As coisas devem estar no seu lugar continuava o dirigente do Zip: «Sem misturas. Poder-se-á assim, fazer um trabalho, em cada campo, muito mais digno, muito mais profundo e honesto».

Para João Viegas, portanto, o trabalho dividido, como que especializado. Muito diferente eram as ideias, a princípio. Não do actual director do Zip mas de quem pensou e montou a empresa. Seja como for, as coisas estão, agora, muito mais definidas e o caminho muito mais seguro. Isto, pelo menos, foi o que nos sugeriu a visita que fizémos às instalações (remodeladas) da organização e a conversa com João Viegas.

Entretanto, restava ainda perguntar quem grava para o Zip. Nomes há que estão ligados à etiqueta desde a primeira hora. Quais são eles, os novos e os velhos?

«Ruy Mingas, José Barata Moura, José Manuel Osório, Hugo Maia de Loureiro, Efe 5, Carlos Moniz, Rebocho Lima, Raul Solnado, Maria do Amparo, Armando Marta, José de Almada, e o Vitor Manuel, vocalista do grupo «Sexta Reacção», que vai gravar a solo pela primeira vez.» A novidade é, portanto, Vitor Manuel.

«Poderá vir a ser um caso. O Zip tem muitas esperanças nele. Até aqui só cantou em Inglês, mas vai gravar em português, um «single» que será orquestrado pelo Pedro Osório.»

Era tudo. O «novo» Zip definiu-se, assim, perante os leitores do «Diário de Lisbo». Em breve veremos, muito possivelmente, os frutos da nova orientação. João Viegas veio dizer-nos que o Zip não morreu: antes pelo contrário, irá, agora, renascer com uma certa força. Os dados estão lançados.

Diário de Lisboa, 01/04/1972

segunda-feira, 28 de março de 2011

Discos Estoril

A etiqueta "Estoril" dos "Discos Estoril" com sede na Rua 1º de Dezembro, em Lisboa, existia já na primeira metade dos anos 50 como editora de discos de 78rpm.

Em fins de 1954 a Estoril iniciou a edição de discos de vinil 45 rpm com a sigla MS 10xx. As edições prolongaram-se durante alguns (poucos) anos tendo-se a marca concentrado quase exclusivamente em música portuguesa, aproveitando em parte gravações já editadas em 78rpm. Dados os poucos gira-discos existentes em Portugal nessa época, a Estoril escolheu como alvo preferencial o então reduzido mercado dos turistas que nos visitavam. Por isso a contracapa dos discos tem textos em francês e inglês e frases alusivas tais como "Take Portugal back with you in a record of its music".

(...)

Algumas capas têm a tiragem impressa à margem, donde se pode concluir que cada edição tirava 1500 discos, uma quantidade exígua. Os discos eram reeditados quando necessário, utilizando as etiquetas correntes à data das reedições.

(...)

A etiqueta desapareceu antes do fim da década, na época em que a Alvorada entrou no mercado, mas os seus discos merecem ser conservados como relíquia histórica dos inícios do vinil em Portugal.

João Manuel Mimoso
http://www.historia.com.pt/vinyl/Estoril/Etiqueta.htm

João Manuel Mimoso procura colecções de discos desta marca (45 e 33,3 rpm) bem como catálogos ou documentação. Propostas: joaom.mimoso@gmail.com .

Discoteca do Carmo

A Discoteca do Carmo foi fundada em 23 de Fevereiro de 1957 por Manuel Simões, que é ainda actualmente o seu gestor. Dedicou as últimas quatro décadas ao comércio personalizado de música de todo o mundo e, recentemente, dá preferência quase total ao seu vasto espólio de música portuguesa.

Editou e fabricou em instalações próprias e por sua conta e risco o primeiro LP microgravado em Portugal, com o número 5001, que hoje se encontra reeditado como disco histórico em Portugal, em CD e Cassete Audio, com a mesma capa dos anos 50.

Recentemente reeditou a maior colectânea de fados ionados desde os séculos XVIII, XIX e XX, e interpretados instrumentalmente por guitarra portuguesa, viola portuguesa e viola baixo, instrumentos que tipicamente e no seu conjunto se podem classificar de orquestra sinfónica do fado.

Com quase meio século de existência, a Discoteca do Carmo foi, é e continuará a ser um estabelecimento com a sua forma de servir muito própria, tendo como principal preocupação servir o público em geral e, em especial, todos os que visitam Portugal, por forma tanto quanto possível a obrigar os mesmos a voltarem para retribuirem a simpatia, estima e seriedade que lhe foram concedidas.

http://www.cdcarmo.pt/quem.html


O editor MANUEL SIMÕES, 91 anos, da Estoril Discos, faleceu hoje em Lisboa.
A APAF curva-se perante a memória de um homem que sempre pugnou pelo Fado e que instituiu uma Fundação com fins de carácter cultural, nomeadamente a difusão do Fado como canção urbana de Lisboa, bem como os de beneficência e solidariedade social.

O corpo de Manuel Simões será velado quinta-feira na Igreja de S. João de Deus, à Praça de Londres, em Lisboa, de onde sairá o funeral, sexta-feira às 14:00 após ter sido rezada missa de corpo presente.

Ainda menor de idade Manuel Simões, natural de Pedrógão Grande, torna-se empresário em 1934, ficando a sua firma em nome do seu pai. Em 1947 toma contacto com a indústria discográfica em Espanha onde encontrou discos de 78 rpm de Hermínia Silva e Irene Isidro, entre outros artistas, nunca comercializados em Portugal. Na década de 1950 inaugurou em Vila Franca de Xira a sua própria fábrica de discos. Será ele próprio quem prensará o primeiro disco de micro-gravação fabricado em Portugal (LP Estoril 5001). Do rol de artistas gravados por si refiram-se Francisco José, Maria de Lourdes Resende, Tristão da Silva, Berta Cardoso, Casimiro Ramos, Maria José da Guia, maestro Belo Marques, Argentina Santos, Alfredo Marceneiro, Anita Guerreiro, Manuel Fernandes, José António, Maria Antonieta, Manuel de Almeida, entre outros.
A partir da década de 1960 dedica-se praticamente em exclusivo ao comércio a retalho de discos, na Discoteca do Carmo, actualmente desactivada, mas que considerava "uma instituição à escala universal". Actualmente era o proprietário da Discoteca Amália à Rua do Ouro, além do calhambeque que estaciona todos os dias na Rua do Carmo e que se tornou num postal da cidade de Lisboa.

Manuel Simões regressará à gravação de discos, na década de 1990, designadamente com conjuntos de guitarras liderados por Arménio de Melo e Paulo Parreira, com que editará a série "Lisboa - Cidade de Fado". e também de fadistas de Alcochete, entre eles, Leopoldina da Guia e Caetano Chefe. Editou o primeiro registo videográfico fadista, "Nostalgia em Alcochete", com a participação entre outros, dos fadistas Clara Daupiás, Miguel Caninhas, Francisco Pimentel, António Maduro, e Gertrudes Daupiás.

Por cumprir fica um desejo seu, o Museu Maria Teresa de Noronha que pretendia instalar em Sintra.

Comunicado APAF, 27/08/2008 (obtido em Lisboa No Guiness e Fado Cravo)