quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Rádio Triunfo


A EMPRESA RÁDIO TRIUNFO, LDA.,

HISTÓRIA DE UMA AVENTURA

Fundada por Rogério de Seixas Costa Leal, José Cândido Varzim da Cunha e Silva e Manuel Lopes da Cruz, foi constituída no dia 23 de Março de 1946, no Porto, a empresa Rádio Triunfo, Lda., tendo como objectivo único a produção industrial de discos em Portugal. Em 1947, é inaugurada a Fábrica Portuguesa de Discos, que virá a ser a primeira fábrica do género em Portugal. Aí começou o fabrico de discos, ainda numa matéria quebradiça, e com limitações quanto à duração do tempo das gravações.

Graças a esta corajosa e inovadora atitude de construir em Portugal uma fábrica de discos, foi aqui fabricado um significativo número de unidades que até aí tinham de ser importadas. No início da sua actividade, a fábrica da Rádio Triunfo apenas prensava discos de 78 rpm, utilizando estampadores em cobre feitos nos mercados internacionais, utilizando fitas magnéticas gravadas nos estúdios da Emissora Nacional. São inúmeros os exemplos desta colecção gravados no Estúdio A da referida estação de rádio. Recentemente, esteve patente no Museu do Fado, em Lisboa, uma reconstituição deste estúdio. No ano de 1955, a Rádio Triunfo, Lda., abre o primeiro estabelecimento comercial, na Rua de Santa Catarina, em pleno centro da cidade do Porto.

Seis anos mais tarde, a mesma empresa abre o seu segundo estabelecimento, desta vez na Rua de Santo António, também na Cidade Invicta. Lisboa teria de esperar mais um ano para ver nascer, na Rua do Carmo, ao Chiado uma delegação da Empresa-Mãe, com armazém e loja de venda ao público. O ano de 1957 marca uma data importante na história da empresa. É neste ano que se inicia o corte dos acetatos e a produção das matrizes de cobre em Portugal. Em 1969, é gravado o primeiro disco em estéreo, graças a um moderno equipamento topo de gama, adquirido na Suécia.

Em 1970, é criada uma secção dentro do grupo, cuja finalidade é a duplicação de cassetes e cartuchos, suportes sonoros muito em voga na época. Ao longo dos seus 31 anos de existência, a Rádio Triunfo, Lda. ultrapassou o estreito âmbito do mercado nacional, lançando-se na conquista de novos mercados e mantendo durante largos anos um papel de liderança na indústria discográfica portuguesa. No dia 15 de Fevereiro de 1974, a Rádio Triunfo abre, na Estrada da Luz, nº 26 B, em Lisboa, aquele que seria o mais completo e bem apetrechado estúdio de gravação existente em Portugal.

Na segunda metade da década de 80, a Rádio Triunfo foi, seguramente, a mais importante companhia discográfica portuguesa, com uma enorme produção, um vastíssimo catálogo e representante de inúmeras etiquetas, quer nacionais, quer internacionais.

Texto de José Manuel Osório adaptado do livro A Grande Aventura da Gravação, livro elaborado a propósito da comemoração dos 100 anos de Gravação Sonora e realizado por uma equipa de trabalho da Rádio Triunfo, Lda. sob a coordenação de J. A. T. Lourenço da Silva e editado pela referida empresa, em Julho de 1977. Composto e impresso nas oficinas de Gráficos Reunidos, Lda. Um abraço de gratidão a Joaquim Alves de Sousa por ter conservado este documento, permitindo-nos hoje saber das coisas de ontem.

A ETIQUETA ALVORADA

"A etiqueta Alvorada, propriedade da empresa portuense Rádio Triunfo, Lda., existia já na primeira metade dos anos 50. Inicialmente conhecida por Melodia, viu-se forçada a mudar o nome por já existir na Europa um rótulo discográfico com o mesmo nome. Durante vários anos o logótipo foi mudando de cores tendo mantido sempre o mesmo aspecto gráfico.

As primeiras edições Alvorada terão provavelmente atingido quantidades pouco significativas. Tiragens de pouco mais de 1500 a 2000 discos foram construindo com passos seguros aquela que é, provavelmente, a mais significativa etiqueta de discos em Portugal.

Foi no ano de 1957 que a Alvorada publicou o seu primeiro disco de 45 rotações por minuto (rpm). Com a referência MEP 60 001, sai nesse ano um disco de Amália Rodrigues onde canta: Lá Porque Tens Cinco Pedras, com música de João Bernabé de Noronha e letra de João Linhares Barbosa, Fado Alfacinha, com música do guitarrista Jaime Tiago dos Santos e letra de António Feijó, A Minha Canção é Saudade, com música de Joaquim Frederico de Brito e letra de Vaz Fernandes e ainda Quando os Outros te Batem, Beijo-te Eu, com música de Armando Machado e letra de Pedro Homem de Melo. Como nota de curiosidade, aqui fica a informação da edição desta mesma faixa na etiqueta Melodia, no ano de 1952, num disco de 78 rpm, com a referência 37.009. O segundo, com a referência MEP 60 002, editado igualmente no ano de 1957, é também um disco de Amália Rodrigues. Amália canta neste disco os seguintes temas: Cabeça de Vento, Disse Mal de Ti, Tentação e Avé Maria Fadista. Nesse mesmo ano são editados com as referências MEP 60 003 e MEP 60 004, mais dois discos da etiqueta Alvorada. Estes dois discos têm o mesmo título: Fados de Coimbra. Segue-se um quinto disco de Maria Amélia Canossa, com a referência MEP 60 005.

José Manuel Osório
Os Fados da Alvorada

A etiqueta Alvorada

A etiqueta "Alvorada" da empresa portuense "Rádio Triunfo" existia já na primeira metade dos anos 50 como editora de discos de 78rpm. A mesma empresa editava também as etiquetas "Melodia" e "Carioca", esta última dedicada à música brasileira.

Em 1957 a Rádio Triunfo iniciou a edição de discos de vinil 45rpm com a sigla MEP 60 xxx.

João Manuel Mimoso

http://www.historia.com.pt/vinyl/Alvorada/textos/Etiqueta.htm

A Rádio Triunfo foi comprada em 1979 pela Movieplay aos herdeiros de Rogério Leal.

1 comentário:

  1. Foi a etiqueta Alvorada que publicou em 1965 o primeiro disco com peças dos grandes polifonistas portuguesas dos séculos XVII, XVIII e XIX com interpretações do coro Polyphonia Schola Cantorum regido por Mário de Sampayo Ribeiro.

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